30 janeiro 2013

Breves considerações sobre o "problema do mal"



Quando os incrédulos atacam a fé cristã, provavelmente a questão mais difícil proposta por eles é o chamado “Problema do mal”. O Problema seria basicamente esse, se Deus é bom, e Todo-Poderoso como pode existir o mal? Se ele não pode reter o mal então Ele não é todo poderoso, se Ele pode e não faz então Ele não é bom. Para lidar com essa questão queria destacar apenas alguns pontos.

1. Não precisamos dar desculpas para Deus
O fato de muitos cristãos terem dificuldades para compreender algumas coisas, está no fato delas criarem padrões para Deus que não estão na Bíblia, e depois não conseguirem encaixar o Deus da Bíblia nesse próprio padrão. É importante entendermos que a Bíblia é um livro sobre Deus, que Deus não criou o homem como um objeto para adorar e sim para sua própria Glória.
Dito isto, quando lemos livros como o livro de Jó, ou do profeta Habacuque que lidam com a questão do sofrimento, essa questão não é respondida de modo a dizer que Deus “não sabe” ou que algo fugiu do “Seu controle”, pelo contrário, a Soberania de Deus é realçada.
Isaías diz “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu o SENHOR, faço todas estas coisas” (Isaías 45.7). Porém é importante temos em mente algo, Deus decretar e ter controle sobre o mal é diferente de dizer que Deus possa pecar, um pecado é a transgressão de um mandamento de Deus e para Ele pecar ele teria que determinar que Ele não pudesse fazer algo e então transgredir esse mandamento. Portanto o fato de Deus ter total controle sobre o mal não significa que ele seja mau, como a Bíblia diz tudo que Ele faz é bom e justo por definição.
2. O amor de Deus demonstrado na Sua soberania sobre o mal
Bahnsen, responde a questão do mal[1], dizendo que não há nenhum problema se reconhecermos que pode haver uma razão moralmente boa para Deus ter determinado o mal. Como dissemos anteriormente, não precisamos de desculpas da parte de Deus, “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?!”(Romanos 9.20), porém podemos entender que há um propósito maravilhoso na existência do mal. Como diz Jonathan Edwards[2]:
"É algo apropriado e excelente que a infinita glória de Deus resplandeça; e pela mesma razão, é apropriado que o brilho da glória de Deus seja completo; isto é, que todas as partes de sua glória devam resplandecer, que cada beleza deva ser proporcionalmente fulgurante, a fim de que aquele que olha tenha uma noção adequada de Deus. Não é apropriado que uma glória deva ser excessivamente manifesta , e outra não ...
Assim, é necessário que a aterradora majestade de Deus, sua autoridade e terrível grandeza, justiça e santidade devam ser manifestas. Mas não poderia ser assim , a menos que o pecado e a condenação tivessem sido decretados; ou o fulgor da glória de Deus seria por demais imperfeito, tanto porque essas partes da glória divina não resplandeceriam tanto quanto as outras, e também porque a glória de sua bondade, amor, e santidade seria apática sem elas; não, elas ilustrariam de forma pobre seu fulgor.
Se não for certo que Deus deveria decretar e permitir e punir o pecado, não poderia haver nenhuma manifestação da santidade de Deus pelo ódio ao pecado; ou em, pela sua providência, preferir a piedade [em lugar do pecado]. Não haveria nenhuma manifestação da graça de Deus ou verdadeira bondade, se não houvesse pecado a ser perdoado, ou miséria a ser revertida. Por mais felicidade que ele concedesse, a sua bondade não seria mais estimada ou admirada...
Assim, o mal é necessário, para felicidade maior da criatura, e a perfeição da manifestação de Deus, para a qual ele fez o mundo; porque a felicidade da criatura consiste no conhecimento de Deus, e no senso de seu amor. E se o conhecimento dele é imperfeito, a alegria da criatura deve ser proporcionalmente imperfeita."
Outro ponto a ser considerado, ninguém pode dizer que Deus não se importa com o mal, pois “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14). Ainda que seja para manifestar a sua Glória, o que é algo apropriado e excelente como observou Edwards, Deus se fez carne, e sofreu as consequências do pecado através da morte e morte de Cruz.
3. A existência do mal é um problema para o incrédulo
Porém, replicamos ao incrédulo, com que base você afirma que existe o mal? Se não há um padrão perfeito de bondade como revelado pelo próprio Deus como pode existir o mal? A existência do mal é evidência da verdade do Cristianismo. Mesmo os incrédulos “mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os pensamentos, mutualmente acusando-se ou defendendo-se” (Romanos 2.15). Porém há esperança mesmo para eles em Cristo, que não ignora a existência do mal, mas pelo seu sacrifício demonstrou a Glória, Santidade e Justiça do Nosso Deus, permitindo que possamos dizer “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” (1 Timóteo 1.15)
Autor: Ivan Junior
Para maior entendimento da questão recomendo os seguintes textos:




14 janeiro 2013

João 1.1a



No princípio era o Verbo...”
João começa o seu Evangelho, do mesmo modo que a Bíblia começa em Gênesis 1:1. Há muita discussão em qual seria a tradução mais adequada da palavra grega Logos, nas versões mais usadas em português ela foi traduzida como Verbo, na NVI foi traduzida como Palavra. Considerando muitas outras coisas na Bíblia como um todo e em especial no Evangelho segundo João, a tradução Palavra é bem adequada. Nossa palavra de certo modo é sempre um modo de revelação, afinal a boca fala do que está cheio o coração (ver Mateus 12:34). A Revelação é o único modo de conhecermos a Deus, não poderíamos conhecê-lo se Ele não se revelasse a nós. Só podemos conhecer qualquer coisa porque Deus se revelou a nós. Com tudo isso em mente podemos compreender que Cristo é a mais perfeita Revelação de Deus. “Havendo Deus, outrora falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais pelos profetas, nestes últimos dias, nos Falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hebreus 1:1-2). Por isso Cristo fala desse modo com Filipe “Replicou-lhe Filipe: Senhor mostra nos o Pai e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João 14:8-9).   

Autor: Ivan Junior

13 janeiro 2013

A segunda beatitude - Arthur W. Pink



Bem-aventurado os que choram, porque serão consolados” [1] [2] [3]
Mateus 5.4
O pranto é detestável e penoso para a pobre natureza humana. Do sofrimento e da tristeza nossos espíritos instintivamente se afastam. Por natureza nós procuramos a sociedade dos alegres e jubilosos. Nosso texto apresenta uma anomalia ao não regenerado, além de uma doce música aos ouvidos do eleito de Deus. Se “bem-aventurado” porque eles “choram”? Se eles “choram” como eles podem ser “bem -aventurados”? Somente o filho de Deus tem a chave para esse paradoxo. Quanto mais nós ponderamos em nosso texto mais nós somos constrangidos a exclamar, “Jamais alguém falou como este homem[4] Bem-aventurado [felizes] os que choram é um aforismo que está em completa variância com a lógica do mundo. O homem tem em todos os lugares e em todas as épocas considerado o prospero e alegre como feliz, mas Cristo pronuncia alegres aqueles que são pobres em espírito e que choram.

Agora é óbvio que não e toda espécie de choro que o texto se refere aqui. Há uma “tristeza do mundo que produz morte” (2 Coríntios 7.10). O choro o qual Cristo promete conforto deve ser restrito ao que é espiritual. O choro que é abençoado é o resultado da percepção da santidade e bondade de Deus que brota em um senso de depravação de nossas naturezas e uma enorme culpa de nossa conduta. O choro o qual Cristo promete Divino conforto é um choro por nossos pecados com uma tristeza piedosa.
As oito beatitudes são arranjadas em quatro pares. Prova disso será fornecida conforme nós prosseguirmos. A primeira das series é a benção que Cristo pronuncia sobre aqueles que são pobres em espírito, o qual nós tomamos como uma descrição daqueles despertados com um senso de seu próprio vazio e insignificância. Agora a transição da tal pobreza ao choro é fácil deduzir. Na realidade, 0 choro segue tão próximo daquilo que é de verdade o acompanhante da pobreza.
O choro que é aqui referido é mais que uma manifestação de privação, aflição, ou perda. É o choro pelo pecado.
É o lamento por sentir a pobreza de nosso estado espiritual, e pelas iniquidades que nos separaram de Deus, lamento pela muito pobre moralidade na qual nos orgulhávamos, e na justiça própria em qual nos confiávamos; lamento pela rebelião contra Deus, e hostilidade a Sua vontade; e tal choro sempre caminha lado a lado com a pobreza de espírito (Dr. Pierson).
Uma notável ilustração e exemplificação do espírito sobre o qual o Salvador pronunciou essa bem-aventurança é encontrada em Lucas 18.9-14. Há um vivido contraste o qual é apresentado a nossa visão. Primeiro, nos é mostrado um hipócrita fariseu olhando para Deus e dizendo “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”. Isso pode tudo ser verdade como ele observou, porém esse homem desceu para sua casa em um estado de condenação. Suas roupas finas eram trapos, suas vestes brancas eram imundas, embora nos não o conheçamos. Então nos é mostrado o publicano, ficava longe, na linguagem do Salmista, ele estava tão perturbado com suas iniquidades que ele não era capaz de ver (Salmo 40.12). Ele ousava não levantar seus olhos ao céu, mas batia em seu peito. Consciente da fonte de corrupção no seu interior, ele clamou “Ó Deus tenha misericórdia de mim, pecador!” (ACF[5]). Esse homem desceu a sua casa justificado, porque ele era pobre em espírito e chorou por seus pecados.
Aqui, então, são as primeiras marcas de nascimento dos filhos de Deus. Aquele que nunca venho a ser pobre em espírito e que nunca soube o que é realmente chorar pelos pecados, ainda que pertença a uma igreja ou seja um oficial nela, ele nem viu nem entrou no Reino de Deus. Quão agradecido o leitor Cristão deve ser ao grande Deus condescender em habitar no humilde e contrito coração! Essa é a maravilhosa promessa feita por Deus mesmo no Velho Testamento (por Ele, em cuja a visão dos céus não é pura, que não pode-se encontrar em qualquer templo que o homem tenha construído para Ele, por mais Maravilhoso que seja, um lugar próprio para Sua habitação – veja Isaías 57.15 e 66.2)
Bem aventurado os que choram” Embora a referência primária seja ao choro inicial comumente chamado de convicção do pecado, ele não é de modo nenhum limitado a isso.  Choro é sempre uma característica do estado cristão normal. Há muita coisa que o crente tem de lamentar. A praga de seu próprio coração o faz chorar, “Desventurado homem que eu sou” (Romanos 7.24). A incredulidade que “tão de perto nos rodeia” (Hebreus 12.1 - ACF) e pecados que nós cometemos, os quais são mais numerosos que os cabelos de nossa cabeça, são uma contínua tristeza para nós. A esterilidade e inutilidade de nossas vidas faz-nos suspirar e chorar. Nossa propensão a desviar-se de Cristo, nossa falta de comunhão com Ele, e a superficialidade de nosso amor por Ele leva-nos a pendurar nossas harpas no salgueiro[6]. Mas há muitas outras causas para chorar que assaltam os corações cristãos: em cada palmo a religião hipócrita que tem forma de piedade enquanto nega o poder dela (2 Timóteo 3.5); a terrível desonra feita a verdade de Deus por falsas doutrinas ensinadas em incontáveis púlpitos; as divisões entre o povo do Senhor; e contenda entre irmãos.  A combinação dessas fornece ocasião para um continuo lamento do coração. A terrível perversidade no mundo, o desprezo por Cristo, os incalculáveis sofrimentos humanos fazem nos gemer com nós mesmos. Quanto mais perto o cristão vive de Deus, mais ele lamenta tudo que O desonra. Isso é uma experiência comum do verdadeiro povo de Deus. (Salmo 119.53, Jeremias 13.17; 14.17; Eze 9.4).
serão consolados” Por essa palavras Cristo se refere primeiramente a remoção da culpa que sobrecarrega a consciência. Isso é efetuado pela aplicação do evangelho da Graça de Deus pelo Espírito aquele que foi convicto de sua necessidade terrível de um Salvador. O resultado é um senso de liberdade e total perdão pelos méritos do sangue expiatório de Cristo. Esse Divino conforto é “a paz de Deus, que excede todo entendimento” (Filipenses 4.7), preenchendo o coração daquele que esta agora seguro que ele é “aceito no Amado” (Efésios 1.6[7]). Deus fere antes de curar, e humilha antes d'Ele exaltar. Primeiro há uma revelação de Sua justiça e santidade, então ele faz conhecida Sua misericórdia e graça.
As palavras “serão consolados” também recebem um constante cumprimento na experiência do Cristão. Embora ele chore suas falhas inexcusáveis e as confesse a Deus, contudo ele é confortado pela garantia que o sangue de Jesus Cristo, Filho de Deus, o limpa se todo pecado (1 João 1.7). Embora ele gema pela desonra feita a Deus por todos os lados, porém ele é confortado pelo conhecimento que o dia esta rapidamente se aproximando quando Satanás será lançado no inferno para sempre e os santos irão reinar com o Senhor Jesus nos “novos céus, e nova terra, nos quais habita a justiça” (2 Pedro 3.13). Embora a mão corretiva do Senhor esteja frequentemente colocada sobre ele e embora “toda disciplina, com efeito, no momento não pareça ser motivo de alegria, mas de tristeza” (Hebreus 12.11), ainda assim, ele é consolado pela percepção que isso tudo esta trabalhando para ele “eterno peso de glória acima de toda comparação” (2 Coríntios 4.17). Como o Apóstolo Paulo, o crente que está em comunhão com o Senhor pode dizer, “entristecido, mas sempre alegre” (2 Coríntios 6.10). Ele pode frequentemente ser chamado para beber das amargas águas de Mara[8], mas Deus plantou próximo uma árvore para adoçá-las. Sim, pesarosos cristãos são confortados mesmo agora pelo Divino Consolador: pelas ministrações de Seus servos, pelas palavras encorajadoras de companheiros cristãos, e (quando essas coisas não estão à mão) pelas preciosas promessas da Palavra sendo trazidas para casa pelo poder do Espírito nos seus corações de fora dos depósitos de suas memórias.
Serão consolados” O melhor vinho é reservado para o fim. “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Salmo 30.5 ACF). Durante a longa noite de sua ausência, crentes foram chamados a companhia com Ele que foi o Homem de Dores. Mas está escrito, “se com Ele sofremos, com Ele também seremos glorificados” (Romanos 8.17). Que conforto e alegria será nossa, quando despontar a manhã sem nuvens! Então “deles fugirá a tristeza e o gemido” (Isaías 35.10). Então serão cumpridas as palavras da grande voz celestial em Apocalipse 21.3, 4 (ACF): “E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.”
Autor: Arthur W. Pink
Tradução: Ivan Carlos Parecy Junior
Original: Aqui



[1] Você pode ler a primeira beatitude nesse link: http://www.monergismo.com/textos/comentarios/1_beatitude_pink.htm
[2] Salvo indicação em contrário as citações bíblicas são da versão Almeida Revista e Atualizada.
[3] Originalmente não há notas de rodapé, essas foram adicionadas pelo tradutor para facilitar o entendimento do leitor.
[4] João 7.46.
[5] Quando for usada a sigla ACF, a versão utilizada foi a Almeida Corrigida e Revisada Fiel.
[6] Para maior entendimento da expressão veja o Salmo 137.
[7] Nesse caso fiz tradução direta da versão usada pelo autor a King James.
[8] Veja Êxodo 15.22-27

04 janeiro 2013

Firmes - Jay Adams




Eu suponho que seja uma falha. Tenho certeza que minha esposa que se lembra de cada nome, lugar, e data dos últimos cinco anos. Acho que lembra. Mas, por alguma razão, eu acho difícil lembrar detalhes do passado. Se eu disser à mim mesmo, num momento: "Lembre isto" ,eu provavelmente lembrarei. Caso contrário, somente os grandes fatos permanecem na minha peneira mental. Eu estou dizendo isto porque eu quero que você entenda que esse fenômeno não é resultado da idade avançada - Eu sempre fui assim. Porém, eu também sempre olhei para o futuro. E isso é exatamente o que eu quero fazer aqui.

Como um velhote de 79 anos, eu quero fazer uma previsão sobre o que você encontrará no futuro e como lidar com isso. Estou pensando, principalmente em você, a nova geração, que está agora a tomar o leme da igreja em mares tempestuosos. Não me vejo como um profeta, mas existem coisas que são inevitáveis - aparte de uma grande intervenção divina, do curso que o mundo está agora seguindo.
Para começar, se você não fala, você seria sábio em aprender espanhol[1]. De importância maior, você deveria familiarizar-se com os princípios do Islã. O primeiro, porque você provavelmente precisará. O segundo porque se Deus não intervir você estará lutando numa guerra contra Muçulmanos. Nenhum Cristão deveria viver, de modo a evitar esses assuntos. Mas eu não quero discuti-los diretamente.
Minha preocupação é com o abrandamento da igreja. Pra você fazer um impacto futuro por Cristo, e ser capaz de suportar tempos difíceis futuramente, essa tendência deverá ser revertida. Há um abrandamento deplorável de doutrina, de atitudes, de coragem e do linguajar. E isso tudo é justificável pela rubrica do "amor". Mas há uma vasta diferença entre amar e um espírito concessivo. Vamos examinar cada um.
Há um abrandamento na doutrina. Não é somente óbvia a falha em aceitar e ensinar as verdades fundamentais da reforma, mas há também uma excitação por parte daqueles que acreditam, em expô-las abertamente. Cristãos subestimam as gloriosas doutrinas da graça. Ao invés de se regozijarem na doutrina da expiação limitada[2] - a qual significa que Jesus Cristo é um salvador pessoal - eles conversam somente sobre os outros quatro pontos do TULIP[3]. É como se eles fossem comer duas fatias de pão, eles comem o tomate cuidadosamente numa fatia, e a alface na outra, mas rejeitam o hambúrguer entre os dois. Essa doutrina é a carne da Tulip-Burguer. Para encarar o futuro, é necessário haver um retorno decisivo à explícita e fundamental exposição das "duras" doutrinas da fé.
Há um abrandamento de atitudes. Em grande parte, isso explica a suavidade no ensino. Ao invés de regozijarem-se no grande e eterno plano de Deus da redenção diante dos amigos arminianos, eles titubeiam e gaguejam, procurando manter um bom relacionamento acima de tudo. Supondo que suas consciências não estejam cauterizadas, eles trazem um senso de culpa, por saberem que deveriam defender a verdade contra este ensino fraco e antibíblico que exalta o homem e diminui o poder de Deus. No entanto, para manterem a "paz", eles se mantêm calados.
Há um abrandamento da coragem. Obviamente, isso está por trás da atitude temerosa que conduz os crentes reformados a suprimirem sua fé. Ao longo do livro de Atos percebemos que uma palavra aparece repetidas vezes - Os apóstolos falaram "Corajosamente". Há duas palavras para coragem no Novo Testamento. Em Atos é "Parresia", que significa "falar sem rodeio, sem medo das consequências." A coragem de agir dessa maneira, poderia também ser responsável por grande parte da inefetividade do testemunho da igreja em nossos dias.
Há um abrandamento no linguajar. Um modo de falar covarde que produz fraqueza, uma linguagem insípida, por exemplo, "Eu sinto", ao invés de dizer: "Eu creio" ou "Declaro". Eles fazem uma conversa mole sobre "compartilhar" o Evangelho - Como quando alguém está relutante em doar a totalidade de alguma coisa. ( Se eu "compartilhar" minha torta, você pega só um pedaço).
Se esse abrandamento da igreja continuar, haverão mais grupos que se preocupam menos com a verdade e mais com a comunhão. Mas uma igreja que coloca a camaradagem acima da verdade é uma igreja fraca, que será incapaz de enfrentar os desafios à frente.
É tarde demais para nossa geração corrigir essas questões. Alguns de nós tentaram, mas falharam. Devemos confessar que estamos deixando uma igreja que a menos que Deus intervenha graciosamente, não poderá enfrentar os enormes desafios que essa próxima geração deverá enfrentar. Talvez Deus usará você para ajudar a fazer as mudanças necessárias, antes que seja tarde demais. Olhe ao seu redor. Pergunte a si mesmo: "Será que a igreja no seu estado atual conseguiria suportar uma perseguição terrorista? Poderia suportar uma onda de catolicismo romano que pode no tempo, - na geração de vocês - tomar conta do país? Em sua confusão, fraqueza, ela seria uma presa fácil para esses ou outros acontecimentos. Não leve em conta apenas por que eu disse - vá em frente, abra seus olhos espirituais. O que você vê?
Você contribuirá para uma suavização maior ou você permanecerá firme e valente pela verdade?  Não estou sugerindo crueldade ou grosseria, mas estou defendendo mudanças drásticas para firmar as quatro áreas mencionadas acima. Participe da solução ao invés de perpetuar o problema!
Autor: Jay Adams
Original: Aqui
Tradução: Rafael Costa Ferreira
Revisão: Ivan Junior




[1] O autor é americano, por isso a recomendação do espanhol e não do inglês.
[3] Refere-se aos chamados cinco pontos do calvinismo. Veja: http://restaurandoamente.blogspot.com.br/2012/07/salvacao-uma-obra-de-deus-somente.html

01 janeiro 2013

Criado em Cristo Jesus para boas obras - Andrew Murray



Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.  Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.’ (Efésios 2:8-10)

Nós fomos salvos não de obras, mas para boas obras. Quão grande a diferença. Quão essencial a compreensão dessa diferença a saúde da vida cristã. Não de obras que nós tenhamos feito, como a fonte de onde nossa salvação vem, nós fomos salvos. E ainda para boas obras, como o fruto e efeito da salvação. Como parte do trabalho de Deus em nós, a única coisa para qual nós fomos criados novamente. Tão inútil são nossas obras em procurar Salvação, tão infinita é o valor do trabalho que Deus criou e preparou para nós. Vamos procurar manter essas duas verdades na plenitude dos seus significados espirituais. Quanto mais profunda nossa convicção que nós fomos salvos, não de obras, mas pela graça, mais forte a prova que nós fomos realmente salvos para as boas obras.

 ‘Não de obras, pois somos feituras dele’ Se as obras não podem nos salvar, não havia necessidade delas para nossa redenção. Porque nossas obras são todas vãs e pecaminosas, Deus encarregou-se de nos fazer de novo, nós somos agora feitura dele, e todas as boas obras que fazemos são feitura dele também. ‘feituras dele, criados em Cristo Jesus’. Tão completa foi a ruína do pecado, que Deus teve que fazer o trabalho da criação novamente em Cristo Jesus. Nele, e especialmente em Sua ressureição dos mortos, Ele criou-nos novamente, segundo Sua própria imagem, na semelhança da vida que Cristo viveu. No poder da vida e da ressureição, nós somos aptos, somos perfeitamente equipados, para fazer boas obras. Como o olho, porque ele foi criado para a luz, é mais perfeitamente adaptado para esse trabalho. Como o ramo de videiras, como ele foi criado para carregar cachos de uvas, faz esse trabalho tão naturalmente, nós que fomos criados em Cristo Jesus para boas obras, podemos descansar seguros que a capacidade Divina para boas obras é a lei própria do nosso ser. Se nós conhecemos e cremos nesse nosso destino, se nós somente vivermos nossa vida em Cristo Jesus, como nós fomos novamente criados n’Ele, nós podemos, nós seremos frutíferos em toda boa obra.

Criado para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas’ Nós fomos preparados para as obras, e as obras preparadas para nós. Para entender isso, pense como Deus pré-ordenou Seus antigos servos, Moisés e Josué, Samuel e Davi, Pedro e Paulo, para o trabalho que ele tinha para eles, e igualmente pré-ordenou o trabalho para eles. O mais fraco membro do corpo, é igualmente cuidado como o mais honrado, o Pai preparou o trabalho do mais humilde de Seus filhos, tanto como para aqueles que são contados como chefes. Para cada filho Deus tem um plano de vida, com o trabalho distribuído exatamente de acordo com a capacidade, e graça fornecida exatamente de acordo com o trabalho.  E assim tão forte e claro como o ensino, salvação não de obras, e sua abençoada contrapartida, salvação para boas obras, porque Deus nos criou para elas, e mesmo as preparou para nós.

E então a escritura confirma a lição dupla que esse pequeno livro deseja lhe trazer. Uma, que as boas obras são o objetivo na nova vida que Ele te deu, e devem, portanto, ser distintivamente seu objetivo. Como cada ser humano foi criado para trabalhar, e dotado com as capacidades necessárias, e só pode viver de modo saudável e verdadeiro pelo trabalho, assim cada crente existe para fazer boas obras, que nelas sua vida pode ser aperfeiçoada, seus próximos podem ser abençoados, seu Pai no céu ser glorificado. Nós educamos todos os nossos filhos com o pensamento de que eles devem ter seus trabalhos no mundo: Quando a igreja irá aprender que é seu grande trabalho treinar cada crente fazer sua parte no grande trabalho de Deus, e abundar nas boas obras para as quais ele foi criado? Vamos cada um de nós procurarmos compreender a profunda verdade espiritual da mensagem ‘Criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou’ para cada um, e as quais estão esperando cada um assumir e cumprir.

A outra lição – que esperar em Deus é uma grande coisa necessária da nossa parte se nós fizéssemos as boas obras as quais Deus preparou para nós. Vamos assumir em nossos corações essas palavras em seu significado divino: ‘Somos feitura dele’ Não por um ato no passado, mas em uma operação contínua. Nós somos criados para boas obras, como grande meio de glorificar Deus. As boas obras são preparadas para cada um de nós, para que nós possamos andar nelas. Render-se e dependência ao trabalho de Deus é nossa única necessidade. Vamos considerar como nossa nova criação para boas obras é totalmente em Cristo Jesus, e permanente n’Ele, crendo n’Ele, e olhando para a Força d’Ele somente, tornar-se o hábito de nossa alma. Criado para boas obras! Revelará a nós imediatamente o mandato Divino e a capacidade suficiente para viver uma vida de boas obras.

Vamos orar para que o Espírito Santo trabalhe a Palavra no mais fundo de nossa consciência: Criado em Cristo Jesus para boas obras! Nessa luz nós aprenderemos que um glorioso destino, que uma obrigação infinita, que uma capacidade perfeita é nossa.

1. Nossa criação em Adão foi para boas obras. Resultou no fracasso total. Nossa nova criação em Cristo é para boas obras também. Mas com essa diferença: provisão perfeita foi feita para assegurá-las.

2. Criados por Deus para boas obras; criados por Deus em Cristo Jesus; as boas obras preparadas por Deus para nós – vamos orar para que o Espírito Santo nos mostre e conceda o que tudo isso significa.

3. Deixe a vida em comunhão com Deus ser verdadeira, a capacidade para o trabalho será certa. Como a vida é assim o trabalho.

MURRAY, A. Working for God! Grand Rapids, MI. Christian Classics Ethereal Library. P.20-21

Original: Aqui

Autor: Andrew Murray

Tradução: Ivan Junior