19 dezembro 2013

1 Coríntios 1.26-29

Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.” (1 Coríntios 1.26-29)

Grande parte dos problemas da Igreja de Corinto estavam relacionados ao orgulho, era o orgulho que fazia uns se dizerem de Paulo, outros de Cefas e outros de Cristo. Era o orgulho que fazia um irmão considerar-se mais que o outro de acordo com algum dom que Deus tenha concedido a esse. Para quebrar qualquer orgulho Paulo precisa deixar claro que Deus não escolhe ninguém baseado naquilo que as pessoas são, pelo contrário, escolhe aqueles que nada são.

Essa verdade enfatizada pelo apóstolo Paulo está presente em toda Bíblia. Comecemos por Abraão, não vemos na Bíblia que a escolha do patriarca tenha sido feita baseada em uma característica dele em especial, “disse o SENHOR  a Abrão: Sai da tua terra...” . O Patriarca já era um homem idoso, e sua mulher Sara já tinha “cessado o costume das mulheres” quando lhes foi prometido uma descendência. Deus escolheu um idoso e uma idosa como pais de uma nação. Podemos continuar falando de Jacó, um enganador,  usurpador. Jacó não seria o herdeiro natural por não ser o primogênito, apesar da promessa antes do nascimento dele envolver ele. Além de tudo era um trapaceiro e enganador, no entanto Deus escolheu ele como pai da nação de Israel. Jacó gostava de Raquel, foi enganado pelo sogro quando casou com Lia. Porém, de Lia a rejeitada venho o primogênito, de Lia vieram seis filhos e uma filha, entre eles Levi, de quem viriam os sacerdotes e Judá do qual viria Davi e depois Cristo.
Dentre os filhos de Jacó, Deus escolheu o mais novo para salvar sua própria família e o seu povo, aquele que era odiado pelos irmãos foi colocado em posição superior a esses.

No período dos juízes poderíamos citar o mal falado Sansão, alguém que quebrou os votos que fez e com uma cegueira quase infantil foi enganado pela mulher que amava. No entanto depois de arrepender-se na sua morte foi usado para cumprir a promessa que lhe foi feita antes do nascimento “começará a livrar Israel do poder dos filisteus”.
O que poderíamos dizer de Rute, uma moabita, mulher de um povo inimigo de Israel, povo que descendia da relação incestuosa de Ló com sua filha. No entanto Deus usou essa mulher não só como instrumento para resgatar a sua sogra Noemi, mas a usou para ser bisavó de Davi.
E Davi, mais um exemplo de que a escolha vem de Deus, dentre os filhos de Jesse Davi seria a última escolha de Samuel, no entanto o filho que restou no campo a quem nem o próprio pai imaginara rei foi o escolhido de Deus para o cargo. O reinado de  Davi continua não no primogênito, mas continua em Salomão filho de Bate-Seba, mulher com a qual Davi adulterou ,e por isso o primeiro filho morreu, porém do segundo filho venho aquele que seria o rei mais sábio de Israel.
Ezequias, rei que restabeleceu o culto a Deus era filho do terrível rei Acaz, rei que queimou até seus próprios filhos a deuses estranhos. Josias assim como Ezequias era filho do idólatra rei Amom e também foi usado por Deus para restaurar Israel.
Foi um copeiro do rei, Neemias que Deus utilizou para liderar a reedificação dos muros de Jerusálem.
Já no novo testamento, vemos que não foi em nenhuma cidade grande e sintuosa que Cristo nasceu, mas na pequena Belém. Não foi em um palácio mas numa manjedoura. Seus discípulos não foram os (que se consideravam instruídos) fariseus, mas entre eles estavam pescadores e cobradores de impostos.
E para que o evangelho chegasse aos gentios, cumprindo uma promessa que havia sido feita a Abraão, Deus escolheu um zeloso fariseu, Saulo de Tarso, um ardente perseguidor de cristãos tornou-se perseguido por Cristo e Deus o usou para que o evangelho chegasse até a grande Roma.
Poderíamos ainda encontrar outros exemplos bíblicos, encontraríamos muitos, poderíamos na história olhar para Agostinho, Lutero, Calvino, John Knox, Edwards, Lloyde-Jones e chegaríamos a mesma conclusão que “Deus escolheu as coisa loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes”.

Sabendo que desse modo Deus faz as coisas como poderíamos nós ainda nos orgulhar, a não ser que cumpramos a ordem do apóstolo “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”.
Isso não só deve derrubar o nosso orgulho, mas deve exaltar a nossa esperança, certamente olhando para a Igreja, para os homens e mulheres que fazem parte dela não restaria a nós muitos motivos de esperança. Mas Deus pode usar, e constantemente usa os fracos, Deus pode usar quem hoje zomba do evangelho como um grande pregador, pode usar pessoas desconhecidas como instrumentos de grandes reavivamentos.
Portanto, devemos nos despir de todo orgulho e desesperança, não somos nada mas Deus pode nos usar, louvado seja o nome do Senhor.

Autor: Ivan Junior

22 abril 2013

Cristãos chineses escolhendo a “Teologia da Resistência” – Nancy Pearcey



Na China, o cristianismo está crescendo tão rápido que os chineses podem bem se tornar a maioria dentro do mundo cristão. E qual “ramo” da teologia eles estão escolhendo? O Calvinismo – porque é a “teologia da resistência” aos poderes injustos, como observou Andrew Brown no jornal inglês The Guardian em 2009. Para citar Brown.
‘Calvinismo não é uma religião de subserviência a qualquer governo. Os grandes mitos nacionais das culturas calvinistas são todos de guerras contra opressores imperialistas: Os holandeses contra os espanhóis; os escoceses contra os ingleses; os americanos contra os britânicos. Então quando as primeiras Igrejas locais chinesas emergiram dos escombros da revolução cultural dos anos 80 e 90 “Eles começaram a pesquisar qual teologia iria os manter e informar. Eles leram Lutero e disseram “ele não”. Então eles leram Calvino e disseram, “ele, porque ele tem a teologia da resistência”.’
Original: Aqui
Tradução: Ivan Junior

10 abril 2013

Podemos ter esperança?


Filho do homem, acaso poderão reviver estes ossos? (Ezequiel 37.3)

Quando olhamos para a situação da igreja hoje não vemos nada que nos dê esperança em relação ao futuro. Vemos pastores que exploram suas ovelhas em vez de pastoreá-las, igrejas divididas, líderes com características totalmente distantes daquelas exigidas na Palavra, cultos nos quais todos são adorados menos o Único Deus verdadeiro. Se olharmos para o mundo, o qual está como está por culpa da Igreja, há ainda mais motivos para se desesperar. Filhos que constantemente desonram seus pais, o casamento tornando-se cada vez mais temporário, o homossexualismo se tornando aceitável e louvável, a indústria pornográfica crescendo na internet e até mesmo na literatura (entre os livros mais vendidos estão livros que oferecem o “soft porn”), jovens e famílias destruídos pelas drogas.
Todas essas coisas levam muitos cristãos a crerem que as coisas so irão piorar, “o amor se esfriará de quase todos[1]. Só resta esperarmos ser arrebatados porque esse mundo está perdido. Talvez seja esse o pensamento de muitos, mas será que a Bíblia ensina isso?
A contrário do que muitos pensam vemos na Bíblia uma mensagem de esperança. Cristo não promete apenas que a Igreja permanecerá para sempre[2]mas que seu reino crescerá como a semente de mostarda[3], seu reino iniciou-se em sua vinda[4] e crescerá até o último inimigo ser derrotado[5].
Todavia, como manter essa esperança pensando em todas as situações mencionadas no 1º parágrafo? Será que todas as mensagens de esperança de crescimento do reino devem ser interpretadas de outra forma? O desenrolar da história não tem mostrado que quem crê assim está errado?
Primeiro, devemos dizer que a própria história nos ensina a não olhar paras circunstâncias. Já houve um período em que a Bíblia se tornou um livro restrito de acesso a poucos homens, que os cristão adoravam imagens, rezavam aos mortos e consideravam a salvação uma obra humana,  até pagavam por ela, e homens como Jan Huss que se opuseram a esses erros foram mortos. Quem poderia ter esperança em uma situação assim? No entanto foi quando a Igreja se encontrava nessa situação que aconteceu talvez um dos maiores reavivamentos da história, que transformou toda  Europa e trouxe frutos dos quais até hoje desfrutamos.
Também acho importante darmos uma olhada em um texto, muitos outros poderiam ser usados como o mesmo propósito.
Veio sobre mim a mão do SENHOR; ele me levou pelo Espírito do SENHOR e me deixou no meio de um vale que estava cheio de ossos,  e me fez andar ao redor deles; eram mui numerosos na superfície do vale e estavam sequíssimos.  Então, me perguntou: Filho do homem, acaso, poderão reviver estes ossos? Respondi: SENHOR Deus, tu o sabes. Disse-me ele: Profetiza a estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR.  Assim diz o SENHOR Deus a estes ossos: Eis que farei entrar o espírito em vós, e vivereis.  Porei tendões sobre vós, farei crescer carne sobre vós, sobre vós estenderei pele e porei em vós o espírito, e vivereis. E sabereis que eu sou o SENHOR. Então, profetizei segundo me fora ordenado; enquanto eu profetizava, houve um ruído, um barulho de ossos que batiam contra ossos e se ajuntavam, cada osso ao seu osso. Olhei, e eis que havia tendões sobre eles, e cresceram as carnes, e se estendeu a pele sobre eles; mas não havia neles o espírito. Então, ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize-lhe: Assim diz o SENHOR Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam. Profetizei como ele me ordenara, e o espírito entrou neles, e viveram e se puseram em pé, um exército sobremodo numeroso. Então, me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; estamos de todo exterminados. Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que abrirei a vossa sepultura, e vos farei sair dela, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. Sabereis que eu sou o SENHOR, quando eu abrir a vossa sepultura e vos fizer sair dela, ó povo meu. Porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos estabelecerei na vossa própria terra. Então, sabereis que eu, o SENHOR, disse isto e o fiz, diz o SENHOR.” (Ezequiel 37.1-14)
Ezequiel profetizou no período que o povo foi levado em cativeiro, sem muito motivo de esperança, e foi levado a tem uma visão que também não dava muita esperança. Quem teria esperança sendo levado a uma espécie de cemitério? Porém, a Palavra da Deus transforma esse bando de ossos, não só ossos secos, mas sequíssimos, em um exército sobremodo numeroso. A lição aqui é clara, não importa a circunstância, Deus pode fazer um exército de um bando de mortos. Olhar para as situações e com isso perder as esperanças é desprezar aquele que é Senhor da História. Por mais que nossa sociedade esteja imersa em pecado, devemos lembrar que “onde abundou o pecado, superabundou a graça[6]. Quando alguém debochar das nossas esperanças olhando para as circunstâncias devemos lembrar que por meio de Sua Palavra Deus pode reviver os mortos, e é nessas situações que “Sabereis que eu sou o SENHOR, quando eu abrir a vossa sepultura e vos fizer sair dela”.

   Será que você ainda tem motivos para não ter esperança?



[1] Mateus 24.12 “E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos.
[2] Mateus 16.18 “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
[3] Mateus 13.31-32 “Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e plantou no seu campo; o qual é, na verdade, a menor de todas as sementes, e, crescida, é maior do que as hortaliças, e se faz árvore, de modo que as aves do céu vêm aninhar-se nos seus ramos.”
[4] Mateus 12.28 “Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós.
[5] 1 Coríntios 15.24-25 “E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés.”  Salmo 110.1 “Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
[6] Romanos 5.20 “Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça


19 fevereiro 2013

Usura, lucro, e Empréstimos: Um breve Sumário do Ensinamento Bíblico, com Bibliografia - Gary North


Cristãos possuem um vago entendimento que a Bíblia proíbe empréstimos a juros, mas eles não conseguem achar todas as passagens que se referem a este assunto, mesmo assim eles possuem contas bancárias e hipotecas. Eles não se sentem culpados, mas alguns poucos se sentem receosos.

Eu tenho boas noticias e más noticias. É correto depositar dinheiro no banco e lucrar sobre isto, esta é a boa noticia. É desaconselhável emprestar dinheiro para comprar qualquer coisa que não venha produzir lucros ou para suprir emergências. Esta é a má noticia para a maioria dos cristãos.
Por bem mais de mil anos, teólogos cristãos têm debatido no problema sobre lucro através de empréstimos. Eles tem se apoiado muito em Aristóteles, que proíbe o lucro, e muito pouco na Bíblia. Eles têm interpretado incorretamente a Bíblia, não tem compreendido o que ela diz. Inclusive não tem tido influencia alguma no que se refere a empréstimos e finanças por mais de três séculos.
Eles compreenderam a história de forma errada. O que me qualifica a dizer isto? A razão é por que eu realizei um trabalho que nunca havia sido feito. Escrevi 9.000 páginas exegeticamente ( versículos por versículo) sobre passagens da Bíblia que se relacionam de qualquer forma a economia.
Iniciei este projeto em 1973. Eu completei a exegese sobre tudo no Velho Testamento, exceto em Salmos e nos livros históricos: Josué a Segunda Crônicas. Terminei todo o Novo testamento exceto João, que possui somente três versículos, Marcos, que não adiciona nada (sobre economia) do que aquilo que Mateus e Lucas já oferecem. Você pode baixar de graça  estes comentários no link abaixo:
Então, eis um sumário sobre o que a Bíblia diz sobre questões como usura, lucro e empréstimos.
Usura.
A palavra em português “ usura” não possui nada de especifico com as palavras em Hebraico e Grego traduzidas como “ usura”. Isto ocorre por que, historicamente, a palavra tem sido usada de um modo especifico: “ lucrar bastante ”.
Não existe um único versículo, nenhum indicio, na Bíblia que conseguir bastante lucro seja errado.
O que é proibido em Deuteronômio 15: 1-7 e em Deuteronômio 23 é lucro em qualquer tipo de empréstimo, em qualquer forma que seja concedido a um irmão na fé que seja pobre. É perfeitamente correto emprestar com lucro a alguém que não seja da fé. Aqui, cito da King James ( 1611), pois a terminologia “ usura” é de uma fonte familiar ao debate sobre usura.
Tu não emprestarás com usura a teu irmão, usura de dinheiro, a usura de comida, nem de qualquer coisa que se empresta a juros: Para um estrangeiro tu poderás emprestar com usura; mas para o seu irmão não emprestarás; para que o Senhor teu Deus te abençoe em tudo que puseres a mão para fazer na terra que tu vás para possuí-la( Deuteronômio 23: 19-20).
A palavra hebraica traduzida como “usura” é nawshak que significa “ mordida”. Exemplos:
Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto a vereda, que mordeos calcanhares dos cavalos, de modo que caia seu cavalheiro para trás. (Genesis 49:17)
Então o Senhor enviou entre o povo serpentes abrasadoras, que o mordiam; e morreu muita gente em Israel. ( Números 21:6)
A palavra de modo nenhum significa “excessivo”. Não significa pagamento com juros de forma alguma.
A proibição se aplica somente empréstimos de caridade a irmãos pobres e para uma categoria especial de residentes estrangeiros, homens que se submeteram a lei Mosaica. O texto é bem especifico.
Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre que está contigo, não te haverás com ele como credor; nem porá sobre ele usura. (Êxodo 22:25)
Também, se teu irmão empobrecer ao teu lado, e lhe enfraquecerem as mãos, sustentá-lo-ás; como estrangeiro e peregrino viverá contigo. Não tomarás dele juros nem ganho, mas temerás o teu Deus, para que o teu irmão viva contigo. Não lhe darás o teu dinheiro a juros, nem os teus viveres por lucro. (Levitico 25:35-37)
A palavra hebraica traduzida aqui como “ estrangeiro” é diferente da palavra hebraica para “ estrangeiro” em Deuteronomio 23:20. O estrangeiro em deuteronômio era um residente temporário, provavelmente um homem de negócios.
Como um empréstimo de caridade se diferencia de um empréstimo comercial? Um empréstimo de caridade tinha as seguinte características:

1.   Não haveria pagamento com juros.
2.   Ele era moralmente obrigatório
3.   Se o devedor não paga-se, ele poderia ser vendido como escravo.
4.   O empréstimo tinha um limite de seis anos, assim como prazo de escravidão.
5.   O credor tinha que prover ferramentas de produção para o trabalhador escravo no final do período de escravidão.
6.   O dia da libertação era no dia da expiação ( yom kippur) no ano sétimo ( sabático) da nação.
7.   Isto não era papel do governo civil.
Isto está apresentado em Deuteronômio 15-1-7 e em Levitico 25:1-9.
Um empréstimo sem propósitos de caridade poderia ser garantido por um pedaço de terra. Aquele que tomava emprestado podia ficar sem a sua terra por 49 anos se fosse inadimplente. O limite de 49 anos foi estabelecido em função dos períodos sabaticos de sete anos cada: sete anos vezes sete. Isto é apresentado em Levitico 25, o capitulo sobre o ano do Jubileu.
O empréstimo sem fins de caridade não estava debaixo da restrição de não se cobrar juros. A pessoa que não paga um empréstimo comercial que não fosse assegurado por um pedaço de terra poderia ser vendida como um escravo, mas de uma única forma. Ele deveria receber salário. Também, não receberia ferramentas para produção ao fim do seu período de serviço. Este prazo poderia durar até 49 anos.
Também, se teu irmão empobrecer ao teu lado e vender-se a ti, não o fará servir como escravo. Como jornaleiro, como peregrino estará ele contigo; até o ano do jubileu te servirá; então sairá do teu serviço, e com ele seus filhos, e tornará a sua família, á possessão de seus pais.( Levitico 25:39-41)
Eu escrevi duas versões de Levitico: A versão Resumida para o Leitor ( 750 paginas) e a versão completa ( 4 volumes), chamada Limites e Domínio.
Jesus anulou as Leis do Jubileu.
Jesus anulou as Leis do Jubileu, Ele anunciou a libertação.
Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. Foi lhe entregue o livro do profeta Isaias, e abrindo-o, achou o lugar em estava escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração de vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e proclamar o ano aceitável do senhor. E fechando o livro, devolveu ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos Nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos. ( Lucas 4: 16-21)

Se Ele não anulou Levitico 25, então a lei mosaica sobre escravidão continua valendo. Esta é a única passagem na Bíblia que autoriza escravidão entre as gerações.
E quanto aos escravos ou às escravas que chegares a possuir, das nações que estiverem ao redor de vós, delas é que os comprareis.
Também os comprareis dentre os filhos dos estrangeiros que peregrinarem entre vós, tanto dentre esses como dentre as suas famílias que estiverem convosco, que tiverem eles gerado na vossa terra; e vos serão por possessão.
E deixá-los-eis por herança aos vossos filhos depois de vós, para os herdarem como possessão; desses tomareis os vossos escravos para sempre; mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, não dominareis com rigor, uns sobre os outros 
Levítico 25:44-46
Leia meus comentários sobre esta passagem em meus comentários sobre leviticos 25 e Lucas 4: 16-21. Veja também o capitulo 4 de meu livro, Ferramentas de Dominio: O Caso das Leis de Êxodo.
Aquele que nega que Jesus anulou as Leis do Jubileu deve aos seus seguidores uma explicação do porque as leis Mosaicas que autorizam a escravidão entre gerações não continuam vigor. Levitico 25: 44-46 foi amplamente citado pelos defensores do sistema de escravidão do Sul antes de 1865. Eu penso não ser sábio ressurgir com isto agora. Exceto pelas palavras de Jesus em Lucas 4, não existe nenhuma anulação implícita ou explicita sobre escravidão entre gerações no Novo testamento.
Em resumo, o cristão que cita as leis Mosaicas contra o lucro tem muito o que explicar. Ele precisa compreender melhor as implicações de sua posição.
As leis Mosaicas que regem a tomada de juros sobre os empréstimos de caridade foram aspectos do ano sabático nacional, incluindo o fornecimento crucial, o período de seis anos de escravidão. Isto tudo acabou quando Israel desapareceu como nação no ano 70 depois de Cristo. Estas leis não foram reestabelecidas no Novo testamento.
Conclusão: as Leis Mosaicas que governam os empréstimos de caridade foram extintas. Não existe mais ano sabático e nem mais o ano do Jubileu.

Jesus autorizou lucro.
Na parábola dos talentos, que lida com o Julgamento Final, Jesus fala sobre três mordomos. Um home rico os coloca responsáveis sobre o seu dinheiro. Então ele deixa a cidade. Quando ele retorna, ele demanda uma prestação de contas. Um dos mordomos multiplicou os cinco talentos em dois por um. O segundo multiplicou os seus dois talentos em dois por um. O terceiro enterrou as moedas no chão as quais ele retornou ao dono. Eis a resposta do dono, que simboliza o Dia do Julgamento de Deus.
Devias então entregar o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, tê-lo-ia recebido com juros.
Tirai-lhe, pois, o talento e dai ao que tem os dez talentos.
Porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
E lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes. 
Mateus 25:27-30
Se cobrar lucro não fosse legitimo, por que então Jesus usou este exemplo de dinheiro emprestado como um modo legitimo de aumento de capital? Por que Ele atribuiria a Deus tamanhas palavras de julgamento por não terem emprestado com juros?
Os comentaristas cristãos que dizem que usura é proibida, significando todo tipo de empréstimo, preferem não mencionar a existência desta passagem, muito menos explica-la.

Conclusão
A lei Mosaica proíbe lucro sobre uma classe limitada de empréstimos: empréstimos de caridade para companheiros Israelitas e residentes estrangeiros. Não proíbe lucros sobre qualquer outro tipo de empréstimo.
Empréstimos de caridade devem ser cancelados no sétimo ano, de uma vez. Empréstimos coletados em terras rurais devem encerrar no ano do Jubileu. A terra devolvida aos seus donos da geração conquistada.
O sistema do ano sabatico e o do ano do Jubileu foram anulados por Jesus e se encerram quando Israel cessou de existir como uma nação.
Jesus autorizou empréstimos a juros.
Original: Aqui 
Tradução: João Vitorino Franco Filho

14 fevereiro 2013

Por que a masturbação é um pecado?


 “O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido.  A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher.” (1 Coríntios 7.3-4)

Há certas coisas que inicialmente podem não parecer muito claras na Bíblia, e é interessante notar que mesmo havendo indícios da prática da masturbação na literatura egípcia antiga[1]não há em nenhum trecho da Bíblia uma proibição explicita da masturbação. Com base nisso há aqueles que veem a masturbação como uma prática que não deveria ser condenada, há outros que argumentam que ela só pode ser pecaminosa se acompanhada de pensamentos pecaminosos, mas se fossemos considerar as coisas desse modo o pecado seria os pensamentos (acompanhados ou não da masturbação) e a masturbação em si não seria o problema.
Porém gostaria de argumentar, considerando que “Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela.”[2]Que a masturbação, independentemente de estar ou não acompanhada de pensamentos pecaminosos é um pecado.
Para isso vamos a Bíblia.
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.” (Gênesis 1.26-27)
Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gênesis 2.24)
Esses dois textos falam de um período anterior a queda, é interessante notarmos que o sexo não surgiu da queda sendo uma ordenança da criação (a queda faz com que o homem fizesse mau uso do sexo, mas o sexo em si não é mal). Notamos nesses textos que o sexo foi criado para ser desfrutado entre homem e mulher, dentro de uma relação de casamento, já que Genêsis 2.24[3]fala da instituição do casamento, mesmo se não tivéssemos nenhum texto condenando a fornicação, o adultério, o homossexualismo, a poligamia e a bestialidade esse princípio é o suficiente para compreendermos essas práticas como pecaminosas (o que é confirmado em outros textos bíblicos).
Com base nisso, podemos compreender a masturbação como uma prática sexual que foge desse princípio, pois o ato sexual foi criado para ser desfrutado entre o homem e a mulher e não entre o homem e si mesmo e a mulher e si mesma. Dentro da relação de casamento o homem satisfaz sexualmente a mulher e a mulher ao homem e não há lugar para uma auto-satisfação sexual.
O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido.  A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher.”
Ainda que não haja um mandamento “não se masturbarás” baseado nos princípios para os quais o sexo foi criado podemos compreender que independentemente de estar ou não acompanhado de pensamentos pecaminosos a masturbação é um pecado.
Depois de tentar de forma breve e simples argumentar porque é pecado masturbar-se, queria deixar uma palavra a todos que lutam contra esse pecado. A Bíblia constantemente nos dá ordens que não temos capacidade de cumprir por nós mesmos, lutar sozinho contra essa prática é com certeza travar uma luta perdida, devemos buscar refúgio em Cristo e compreender o sexo como um dom de Deus, dom esse que deve ser guardado para uma relação monogâmica heterossexual na qual Deus será glorificado.

Autor: Ivan Junior


[1] Erwin Lutzer cita isso em um texto em que fala sobre a masturbação http://www.monergismo.com/textos/sexualidade/masturbacao-errado_lutzer.pdf
[2] CFW VI
[3] Essa ideia é fortalecida por citações de Cristo em Matues 19.4-6 e de Paulo em Efésios 5.22-33.

01 fevereiro 2013

Breves considerações sobre o homossexualismo



Se há uma arma, a qual tem sido usada pelo mundo para atacar a verdadeira Igreja Cristã, essa tem sido a chamada agenda gay. Portanto, cabe a nós como cristãos sabermos como lidar com esse assunto, e nessa postagem farei algumas considerações em relação ao assunto.

1. O Homossexualismo é pecado
Vemos em Gênesis (Gênesis 1.27) que Deus criou o homem e a mulher, e estabeleceu o casamento entre eles (Gênesis 2.24). Deus condenou Sodoma por esse pecado (Gênesis 18.20-19.29). Em Levíticos o ato de homossexualismo é claramente reconhecido como abominação (Levíticos 18.22). Tudo isso ainda é confirmado no Novo Testamento por Paulo (Romanos 1.26-32; 1 Coríntios 6.9-11).
2. O Fato de alguém nascer ou não assim é irrelevante a questão
"Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe." (Salmo 51.5) Todos nascemos pecadores, essa é a condição de todos os homens (Romanos 3.23), e herdamos essa condição de Adão (Romanos 5.12). Portanto ainda a ciência "provasse"[1] que alguém nascesse assim isso não muda em nada essa questão. Ou alguém diria que a mentira não seria pecado se alguém nascesse mentiroso? O fato de muitos evangélicos se preocuparam em querer provar que ninguém nasce assim, como se isso fizesse diferença mostra o quão Pelagiano[2] eles são.
3. Devemos pregar aos homossexuais e receber os arrependidos em nossas igrejas
Ainda que todos herdemos a condição pecaminosa de Adão, "Se pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo" (Romanos 5.17) .Pouco depois de Paulo falar sobre o pecado do homossexualismo, ele diz "Tais fostes alguns de vós, mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus" (1 Coríntios 6.11). Portanto, em Cristo, há esperança para os homossexuais.
Todavia, é importante lembrarmos uma coisa, nenhum cristão se torna totalmente perfeito e santo após converter-se, e não há indicação na Bíblia que o homossexualismo seja diferente de outros pecados. Alguns cristãos veem o homossexualismo de maneira diferente de outros pecados como se a pessoa não se tornasse totalmente santa após converter-se em relação a esse pecado ela seria condenada. Lembremos que na lista de Paulo daqueles que não herdarão o reino de Deus estão avarentos e maldizentes (1 Coríntios 6.10-11). O que quero dizer com isso? Um homossexual que acha que não há nada errado com o que faz, que se entrega aos seus próprios desejos, será condenado assim como qualquer outra pessoa que rejeita a Cristo. Porém aquele homossexual que reconhece seus pecados e entende como isso é uma ofensa a Santidade do Senhor, ainda que possa ter que lutar contra seus desejos, ainda que seja transformado durante toda a sua vida por compreender a salvação como Obra de Cristo e entenda a dependência d'Ele, será Salvo. Lógico, que um grande tempo de caminhada na fé, sem mudanças, pode indicar que nunca houve salvação, mas é importante entendermos que o homossexual possa lutar contra seu pecado durante sua vida, e que dia a dia, como todos nós, ele vai sendo transformado pelo Espírito Santo.
Nosso dever é pregar aos homossexuais, como a todos os outros pecadores, pois "os são não precisam de médico, e sim os doentes"(Mateus 9.12).
Para terminar, queria usar uma ilustração, imagine que um dia você veja uma criança que come do lixo ao lado de um restaurante que você costuma frequentar, você se compadece da criança e dá a ela um lanche comprado no restaurante. Imagine que essa criança jogue esse lanche e continue comendo o lixo. Você pensará que essa criança é louca. A mulher foi o mais especial presente feito ao homem (Gênesis 2.20-24), pois foi feita da nossa própria carne, e também foi feita a imagem de Deus (Gênesis 1.27), de modo que só ela completa o homem e vice-versa. Na corrupção do coração do homem, ele prefere negar o mais especial presente de Deus e seguir seus próprios caminhos, como o filho pródigo em sua loucura ele desejava comer das alfarrobas que os porcos comiam (Lucas 15.16), mas a Graça de Deus pode fazer o homem tolo perceber que com o nosso Deus há "pão com fartura" (Lucas 15.17) e ainda que o homem tenha gastado toda sua vida na loucura do pecado, a Bíblia nos mostra como Deus pode nos receber, sendo ainda assim justo pelo preço que Cristo pagou na cruz, "Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se." (Lucas 15.20-24).
Autor: Ivan Junior


[1] A Ciência é incapaz de provar qualquer coisa, no futuro espero postar alguns textos relativos a essa questão, um texto interessante sobre esse assunto segue nesse link: http://www.monergismo.com/textos/apologetica/visao_biblica_ciencia_crampton.pdf
[2] No caso, quis dizer que muitos cristãos negam que herdemos o pecado original de Adão, creem que o homem seja naturalmente bom, mas isso naturalmente não é o que a Bíblia ensina.

30 janeiro 2013

Breves considerações sobre o "problema do mal"



Quando os incrédulos atacam a fé cristã, provavelmente a questão mais difícil proposta por eles é o chamado “Problema do mal”. O Problema seria basicamente esse, se Deus é bom, e Todo-Poderoso como pode existir o mal? Se ele não pode reter o mal então Ele não é todo poderoso, se Ele pode e não faz então Ele não é bom. Para lidar com essa questão queria destacar apenas alguns pontos.

1. Não precisamos dar desculpas para Deus
O fato de muitos cristãos terem dificuldades para compreender algumas coisas, está no fato delas criarem padrões para Deus que não estão na Bíblia, e depois não conseguirem encaixar o Deus da Bíblia nesse próprio padrão. É importante entendermos que a Bíblia é um livro sobre Deus, que Deus não criou o homem como um objeto para adorar e sim para sua própria Glória.
Dito isto, quando lemos livros como o livro de Jó, ou do profeta Habacuque que lidam com a questão do sofrimento, essa questão não é respondida de modo a dizer que Deus “não sabe” ou que algo fugiu do “Seu controle”, pelo contrário, a Soberania de Deus é realçada.
Isaías diz “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu o SENHOR, faço todas estas coisas” (Isaías 45.7). Porém é importante temos em mente algo, Deus decretar e ter controle sobre o mal é diferente de dizer que Deus possa pecar, um pecado é a transgressão de um mandamento de Deus e para Ele pecar ele teria que determinar que Ele não pudesse fazer algo e então transgredir esse mandamento. Portanto o fato de Deus ter total controle sobre o mal não significa que ele seja mau, como a Bíblia diz tudo que Ele faz é bom e justo por definição.
2. O amor de Deus demonstrado na Sua soberania sobre o mal
Bahnsen, responde a questão do mal[1], dizendo que não há nenhum problema se reconhecermos que pode haver uma razão moralmente boa para Deus ter determinado o mal. Como dissemos anteriormente, não precisamos de desculpas da parte de Deus, “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?!”(Romanos 9.20), porém podemos entender que há um propósito maravilhoso na existência do mal. Como diz Jonathan Edwards[2]:
"É algo apropriado e excelente que a infinita glória de Deus resplandeça; e pela mesma razão, é apropriado que o brilho da glória de Deus seja completo; isto é, que todas as partes de sua glória devam resplandecer, que cada beleza deva ser proporcionalmente fulgurante, a fim de que aquele que olha tenha uma noção adequada de Deus. Não é apropriado que uma glória deva ser excessivamente manifesta , e outra não ...
Assim, é necessário que a aterradora majestade de Deus, sua autoridade e terrível grandeza, justiça e santidade devam ser manifestas. Mas não poderia ser assim , a menos que o pecado e a condenação tivessem sido decretados; ou o fulgor da glória de Deus seria por demais imperfeito, tanto porque essas partes da glória divina não resplandeceriam tanto quanto as outras, e também porque a glória de sua bondade, amor, e santidade seria apática sem elas; não, elas ilustrariam de forma pobre seu fulgor.
Se não for certo que Deus deveria decretar e permitir e punir o pecado, não poderia haver nenhuma manifestação da santidade de Deus pelo ódio ao pecado; ou em, pela sua providência, preferir a piedade [em lugar do pecado]. Não haveria nenhuma manifestação da graça de Deus ou verdadeira bondade, se não houvesse pecado a ser perdoado, ou miséria a ser revertida. Por mais felicidade que ele concedesse, a sua bondade não seria mais estimada ou admirada...
Assim, o mal é necessário, para felicidade maior da criatura, e a perfeição da manifestação de Deus, para a qual ele fez o mundo; porque a felicidade da criatura consiste no conhecimento de Deus, e no senso de seu amor. E se o conhecimento dele é imperfeito, a alegria da criatura deve ser proporcionalmente imperfeita."
Outro ponto a ser considerado, ninguém pode dizer que Deus não se importa com o mal, pois “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14). Ainda que seja para manifestar a sua Glória, o que é algo apropriado e excelente como observou Edwards, Deus se fez carne, e sofreu as consequências do pecado através da morte e morte de Cruz.
3. A existência do mal é um problema para o incrédulo
Porém, replicamos ao incrédulo, com que base você afirma que existe o mal? Se não há um padrão perfeito de bondade como revelado pelo próprio Deus como pode existir o mal? A existência do mal é evidência da verdade do Cristianismo. Mesmo os incrédulos “mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os pensamentos, mutualmente acusando-se ou defendendo-se” (Romanos 2.15). Porém há esperança mesmo para eles em Cristo, que não ignora a existência do mal, mas pelo seu sacrifício demonstrou a Glória, Santidade e Justiça do Nosso Deus, permitindo que possamos dizer “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” (1 Timóteo 1.15)
Autor: Ivan Junior
Para maior entendimento da questão recomendo os seguintes textos: