11 julho 2012

Guia para estudos em escatologia


Creio que boa parte da igreja tem pouco conhecimento nessa área. É importante crescermos em conhecimento em todos os sentidos, por isso nessa postagem teremos um guia para ajudar todos a compreender melhor essa área da Teologia.

Para compreender as diferentes áreas e a visão que elas tem em relação ao milênio de Apocalipse 20 recomendo os seguintes textos:
http://salmo73v26.blogspot.com.br/2012/07/escatologia-e-o-milenio.html  Essa é uma introdução mais simples para dar uma ideia geral das diferentes visões em escatologia.
http://www.monergismo.com/textos/pos_milenismo/posmilenismo1_boettner.htmEsse é o primeiro capítulo de um livro sobre uma das correntes escatológicas, o pós-milenismo, porém nela o autor comenta sobre as diferentes correntes escatológicas.
Os textos abaixo refutam a visão escatológica mais comum, mas também a que mais se afasta da verdade bíblica:
http://salmo73v26.blogspot.com.br/2012/07/o-dispensacionalismo-e-seus-erros.htmlNesse texto há uma explicação maior sobre a visão escatológica mais comum, divulgada pela Bíblia de estudos Scofield, por livros e filmes da série deixados para trás, e pela música “Apocalipse Now” do Grupo Resgate. Porém mostra-se nesse post que essa visão apesar de ser a mais comum não é correta.
http://www.monergismo.com/textos/dispensacionalismo/igreja-israel-Deus_mathison.pdfAqui Keith Mathison ataca outra visão comum do dispensacionalismo que é a separação entre Israel e a Igreja.
Texto que falam sobre a restauração final das coisas:
http://www.monergismo.com/textos/ceu/Nova_Terra_Hoekema.pdfEsse texto nos fala sobre a nova terra, demonstra-se aqui que ao contrário do que pensam muitos crentes não passaremos eternamente nos céus, mas na nova terra.
Textos sobre pós-milenismo:
http://www.monergismo.com/textos/pos_milenismo/apres-posmilenismo_jay-rogers.pdfEsse artigo fala mais sobre o pós-milenismo que creio ser a corrente escatológica correta.
http://www.monergismo.com/textos/pos_milenismo/caso-sumario-posmilenismo_mathison.pdfMais sobre o pós-milenismo, Keith Mathison usa diferentes textos bíblicos para demonstrar o pós-milenismo como visão bíblica mais consistente.
http://www.monergismo.com/textos/pos_milenismo/Calvino-posmilenismo_Bahnsen.pdfBahnsen analisa algumas obras de Calvino demonstrando que esse tinha a mesma esperança típica do pós-milenismo, o que o estimulou a enviar missionários.
Autor: Ivan Junior

10 julho 2012

O Dispensacionalismo e seus erros


O objetivo desse post é falar sobre escatologia, porém deve se enfatizar que o dispensacionalismo não é uma forma de interpretação bíblica que se relaciona apenas a escatologia. Para quem quiser saber mais sobre esse assunto recomendo que pesquisem nos links citados nas notas de rodapé.

Dispensacionalismo é um sistema de interpretação bíblica e teológica que divide a ação de Deus na história em diferentes períodos que são por ele administrados em bases diferentes[1].Esses diferentes períodos são chamados de dispensação, que Segundo Scofield "é um período de tempo durante o qual o homem é provado quanto à obediência a alguma revelação específica da vontade de Deus”[2].A idéia básica, nesse caso, é que Deus tem tentado vários métodos que não têm sido bem sucedidos. Cada método, ou dispensação, teria sido abandonado totalmente, antes do método seguinte ser experimentado, de tal modo que as prescrições divinas para uma dispensação não são válidas na próxima dispensação[3]
Visão escatológica do Pré-milenismo dispensacionalista*[4]
A visão que a maioria dos evangélicos tem sobre a escatologia é a visão dispensacionalista, essa visão é retratada na série de livros e filmes "Deixados para trás". Vamos comentar sobre ela.
Segunda vinda - em duas fases Cristo retorna para buscar sua igreja (arrebatamento secreto) e para estabelecer o Milênio depois de sete anos. 
Ressurreição -Três ressurreições, crentes na segunda vinda, judeus depois dos sete anos, incrédulos ao final do milênio. 
Julgamento - Julgamento na vinda, depois da tribulação e depois do Milênio.
Tribulação - Igreja é arrebatada antes da tribulação. 
Milênio - Milênio futuro após a vinda de Jesus. reino milenar literal sobre as nações do mundo. 
Israel e a Igreja - Completa distinção entre Israel e a igreja. Deus tem um programa para cada um dos grupos. Israel, a nação judaica, estará no centro do plano divino para a humanidade. Restaurada para a terra da Palestina, Israel reconstruirá o templo e restabelecerá os sacrifícios levíticos exigidos pela lei mosaica. 
Anticristo - O poder político internacional será exercido pelo governador satânico - o Anticristo, também chamado "a Besta" ou "Homem da Iniqüidade". (I João 4:3 ; Apc. 13; II Tss.2:3).
Os dispensacionalistas também creem[5]: 1 - O cristianismo apóstata unindo o Catolicismo, a Igreja Ortodoxa, e o Modernismo protestante; chamado a Meretriz, se aliará com o Anticristo (Ap.17) e prosperará através da união adúltera durante um tempo. 
2 - O pecado aumentará entre os homens e chegará a uma profundidade e intensidade jamais vistas a não ser talvez na época do Dilúvio. 
3 - A ira de Deus será derramada sobre a terra numa série de julgamentos cataclísmicos. 
4 - Quando a Besta (Anticristo) romper com a nação israelita, provocará uma crise internacional que atingirá seu auge na guerra do Armagedon. Tudo culminará no fim dos sete anos da tribulação com a vinda de Jesus Cristo com seus santos (a parousia). Após a parousia, o reino do Anticristo será destruído e Cristo passará a reinar sobre a terra. Assim se cumprirão literalmente as profecias do Antigo Testamento que preveem um reino messiânico na terra. Passados os mil anos previstos em Apocalipse 20, Satanás será solto da sua prisão, encabeçará uma revolta breve pelos moradores não regenerados do mundo, mas ela será esmagada. Sucederá então o último julgamento do Trono Branco (Ap.20:11-15). Os mortos não convertidos serão ressuscitados para serem julgados segundo suas obras. Os santos, judeus e gentios, gozarão a vida perfeita na nova terra eternamente.

Erros do dispensacionalismo 
Poderíamos discutir sobre todos os pontos destacados anteriormente, mas vamos destacar apenas alguns pontos. 
1- O Dispensacionalismo é uma forma de interpretação bíblica muito mais nova que as outras visões, que inciou-se no século XIX e se popularizou no século XX pela bíblia de estudos Scofield. Não podemos dizer que tudo que é novo deve ser descartado, mas devemos desconfiar de algo que contradiga tudo que grandes teólogos estudaram por mais de 1800 anos. Como diz Spurgeon "Nada há de novo na teologia. Exceto o que é errado".
2- O dispensacionalismo separa Israel e a Igreja. Em Romanos 2.28-29 vemos "Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus." em Atos 7.38 "É este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir." Reparem que nesse texto Israel é chamado de congregação.[6] Em romanos 11. 17-24 vemos Israel como a Oliveira em que os gentios foram enxertados, mas o texto fala de uma só Oliveira. Com esses textos podemos entender que não há separação entre Israel e Igreja. 
3- O dispensacionalismo não faz jus inteiramente à unidade básica da revelação bíblica, pois divide a história bíblica em sete dispensações distintas. Porém sabemos que imediatamente após a queda do homem, Deus veio a ele com a promessa de um Redentor através de quem ele poderia ser salvo (Gn.3:15). Esta promessa de redenção, através da semente da mulher, torna-se agora o tema de toda a história da redenção, do Gênesis ao Apocalipse. O conteúdo central das Escrituras trata do modo como o homem pode salvar-se através de Jesus Cristo em todos os diversos períodos da história de sua existência. Apesar das diferenças na administração, existe apenas uma aliança de graça que Deus faz com seu povo. O Velho Testamento trata do período de sombras e tipos, enquanto que o Novo Testamento descreve o período de cumprimento, mas a aliança da graça é uma em ambas estas eras. 
4 - Os dispensacionalistas acreditam em um arrebatamento pré-tribulacional e secreto (e creio que a maior parte dos evangélicos crêem), sete anos antes do milênio. A primeira pessoa a defender essa visão foi uma profetiza da seita irvingita Margaret Macdonald em 1830. John Nelson Darby, tomou o ensino dela, fez algumas mudanças (ela cria em um arrebatamento parcial de crentes e ele ensinava que todos os crentes seriam arrebatados) e incorporou em seu ensinamento dispensacionalista da escritura e profecia[7]. Em 1.Cor 15.51-52 vemos que “todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos” Se todos seremos transformados num momento, num abrir e fechar de olhos, não será possível que permaneçam escolhidos ou santos para serem transformados depois, no final da tribulação.[8]Além disso em Jo 6.40 "De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" Fica claro que a ressurreição de todos os crentes é no último dia. 


PS: Há disponível gratuitamente na internet um livro de Arthur W. Pink que refuta o dispensacionalismo, o link para o mesmo segue logo abaixo:


Uma Refutação Bíblica ao Dispensacionalismo - Arthur W. Pink 


Autor: Ivan Junior

09 julho 2012

Escatologia e o milênio


Escatologia é uma palavra composta de duas palavras gregas: Escaton (fim) e logia (estudo).


Ela tem sido definida como a disciplina que estuda os acontecimentos referentes ao fim dos tempos e a consumação do plano de Deus nesse mundo.[1]
A maior parte dos evangélicos brasileiros tem uma visão escatológica conhecida como dispensacionalista, não é a intenção dessa postagem explicar essa visão, mas essa é a visão apresentada no livro e filme "Deixados para trás".
A maior divergência em relação a escatologia é encontrada na interpretação desse texto de apocalipse:
"Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo. Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição.Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos. Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão".( Apocalipse 20.1-7)
Segundo esse texto durante mil anos Satanás esta preso, e aqueles que tem parte na primeira ressurrreição vivem e reinam com cristo. No fina desse período seja qual for o período de tempo que ele descreva, Satanás é solto a fim de que por um pouco de tempo as nações sejam enganadas por ele e se ajuntem numa batalha contra a santa cidade, Deus então intervém e o julgamento acontece. O que tudo isso significa não é claro para todos e as diferentes visões se baseiam no entendimento desse texto.[2]
Pré-milenismo(histórico e dispensacionalista) - Creem que tudo isso está no futuro inclusive os próprios mil anos.
Amilenismo - tudo já começou e já estamos no período conhecido como mil anos.
Pós-milenismo - Esse período já começou mas seu cumprimento principal ainda é futuro e será visto somente quando surgir um período de benção, paz e prosperidade sem precedentes para o evangelho e a igreja.
Outro ponto que divide a interpretação escatológica e o preterismo e o futurismo. Alguns, principalmente pós-milenistas fazem uma interpretação preterista do texto de Apocalipse crendo que boa parte das profecias (relacionadas ao Dia do Senhor) se cumpriram na destruição de Jerusalem no ano 70 d.C (com exceção da segunda vinda e julgamento final), enquanto outros veem todas essas profecias como futuras. A data em qual o Apocalipse foi escrita também acaba sendo tema de discussão entre preteristas e futuristas.
Também é importante salientar que o livro de apocalipse não é o único livro escatológico da Bíblia, a Bíblia como um todo é um livro escatológico.
Autor: Ivan Junior


[1] [1] LIMA, L. A. Esperança escatológica in: LIMA, L.A. Razão da esperança - Teologia para hoje. 1ªEd. São Paulo, p. 543-559, Editora Cultura Cristã, 2006.

06 julho 2012

As nuvens e a loucura do empirismo


Você já parou para olhar as nuvens? Se você fez isso com outra pessoa pode ter reparado que geralmente não se chega há um consenso de com o que se parece a nuvem. Você acha que tal nuvem se parece com um cachorro e seu amigo pensa que ela se parece algo tão diferente como o Homem-Aranha.

Uma das maiores perguntas da filosofia se refere de como o homem adquire o conhecimento, uma das teorias mais aceitas é o empirismo, que crê que o conhecimento do homem vem através dos seus sentidos. Mas se eu e um amigo olhamos para mesma nuvem e não podemos chegar a um consenso do que ela se parece como podemos confiar nos nossos sentidos? Para saber quem está correto na interpretação daquilo que vimos precisamos de um padrão para interpretar se o que vemos é correto ou não, isso não poderia ser a mente do homem porque não haveria consenso em relação a isso, seria a mente de qual homem? O mais inteligente? E com que padrão julgaria o mais inteligente? Qual seria então o padrão? Sem padrão nada nos resta a não ser negar que há uma verdade, mas se não há verdade como poderíamos afirmar que é verdade que não há verdade. Mas há um padrão, esse padrão é a Palavra do Deus Eterno, Onisciente e Onipotente. “O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas, e por quem serão examinadas todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo, em cuja sentença nos devemos firmar, não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura.”[1]


Autor: Ivan Junior


[1] CFW I.X

05 julho 2012

Resistindo ao diabo - Arthur W. Pink


Este versículo nos apresenta um aspecto da Verdade acerca do qual há ampla ignorância entre os crentes. Com freqüência, eles se mostram inconscientes de que o “diabo” os está atacando e precisa ser resistido. Muitos supõem que as investidas de Satanás estão limitadas às tentações para que pequemos. Isto não é verdade; em muitos casos, o objetivo dele é opor-se e impedir-nos de fazer o que é bom. Constantemente, ele utiliza os seres humanos a fim de atrapalhar-nos e inquietar-nos. Por exemplo, ele enviará alguém para bater à porta ou chamar-nos ao telefone, quando estamos orando. Ele mandará parentes visitarem-nos no domingo, impedindo-nos assim de gastar tempo na comunhão com o Senhor. Ou criará “circunstâncias” para obstruir nosso progresso espiritual, multiplicando nossos deveres e tarefas, de modo que não tenhamos tempo livre ou fiquemos muito cansados para estudar a Bíblia.  

Poucos filhos de Deus parecem saber que possuem o privilégio e o direito de serem vitoriosos contra os ataques de Satanás. O Senhor não deixou seu povo aqui à mercê de seu grande inimigo, sem meios para vencê-lo. De maneira alguma; Ele nos ensina em sua Palavra como podemos derrotá-lo.       

Iniciando: “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”. Este é um mandamento divino. Um dever que o Senhor colocou sobre nós. Nossa primeira responsabilidade no que concerne a este mandamento é dar-lhe nossa melhor atenção, gravá-lo em nossos corações, ponderar seus termos, desejar e resolver obedecê-lo.

Provavelmente, alguns dirão: “Eu quero, mas não sei como...” Então, nossa segunda responsabilidade referente a este mandamento é reconhecer este fato, pedindo a Deus que nos ilumine e nos ensine como obedecê-lo. Conte-Lhe que deseja fazer aquilo que Ele ordenou e suplique instrução e capacidade para realizá-lo. 
Embora isto seja importante e necessário, não é o bastante. A oração nunca foi designada por Deus para eximir-nos de nossas responsabilidades e incentivar a indolência. Não basta orar para que Ele me conceda um jardim frutífero neste verão, embora eu deva orar a respeito disso e, igualmente, das outras coisas (Fp 4.6). Não apenas isso, eu tenho de cavar, plantar, regar o jardim e arrancar as ervas daninhas. Portanto, a resposta à minha oração por entendimento para obedecer a exortação de Tiago 4.7 tem de vir a mim através das Escrituras. Assim, minha terceira responsabilidade é examinar as Escrituras, suplicando que o Espírito Santo graciosamente me guie à verdade. Isto significa que preciso ler a Bíblia com um objetivo definido, almejando descobrir aquilo que ela ensina sobre o crente resistindo ao diabo, de modo que o diabo fuja do crente. Comecemos nosso exame da Palavra de Deus sobre este importante assunto prático considerando em detalhes o contexto imediato da passagem em que se encontra o mandamento. Primeiramente observamos que a exortação está na segunda metade do versículo: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo”. Ora, como espero obedecer a segunda metade, quando ainda não estou cumprindo a primeira? Sujeitar-se a Deus significa que minha própria sabedoria, vontade e desejos têm de ser completamente deixados de lado e que a Palavra e a vontade de Deus governam-me em todas as coisas. Sujeitar-se a Deus significa que reconheço suas reivindicações sobre minha vida: sou criatura e filho d’Ele, para ser controlado por Ele, que tem todo direito à minha total sujeição. Meditemos e analisemos a primeira metade do versículo: “Sujeitai vos, portanto, a Deus”. Isto logo nos diz que precisamos retornar ao versículo anterior, visto que o vocábulo “portanto”sempre indica uma conclusão baseada ou extraída de algo anterior. No versículo 6, lemos: “Ele dá maior graça;” pelo que diz: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”. Sim, isto é encorajador, estimula a fé e a esperança. Aquele a quem eu tenho de me sujeitar não é um tirano cruel, um déspota sem misericórdia; é o Deus de toda graça.. Ele já me outorgou a graça salvadora e dá maior graça. aos humildes. Ora, maior graça. é exatamente o que eu necessito, se desejo ser bem-sucedido em resistir ao diabo. .Pelo que diz: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”. Deus resiste aos orgulhosos, porque se opõem a Ele. A essência do orgulho é a autossuficiência, aquele espírito que despreza a ajuda de outrem, confiante de que é capaz de resolver tudo por si mesmo. No âmbito das coisas espirituais, o orgulho é aquela horrível presunção de que posso conseguir sozinho, sem Deus. É uma terrível ilusão gerada e promovida por Satanás. Ao contrário disso, a “humildade” é esvaziar-se de sua autossuficiência; é uma compreensão íntima de que sou completamente dependente de Deus para todas as coisas. Humildade, graça e vitória sobre Satanás estão inseparavelmente ligadas uma à outra! Mas nada é mais ofensivo a Satanás do que a humildade, pois ele é um espírito orgulhoso, e seu desejo é ensoberbecer-nos e levar-nos a viver e agir independentemente de Deus. “Sujeitai-vos, portanto, a Deus”. A palavra sujeitai significa colocar a mim mesmo sob a autoridade de outrem. Precisa haver sujeição de todo o homem à lei de Deus, uma entrega de nós mesmos para sermos governados por Ele; nossos pensamentos, desejos e ações têm de ser estritamente regulados pelas normas estabelecidas em sua Palavra. Sujeitar se a Deus também denota uma serena aquiescência às disposições da divina providência, uma alegre renúncia de nós mesmos ao soberano prazer de Deus. Portanto, precisa haver uma completa entrega de nossas próprias vidas e de nós mesmos a Deus, a fim de sermos conduzidos e governados por Ele. Existe uma dupla relação entre as duas metades de Tiago 4.7. Primeiro, é óbvio que tenho de me submeter a Deus, se quero ser bem-sucedido em resistir ao diabo. Como isto poderia acontecer de outra maneira? Em minhas próprias forças, não tenho condições de prevalecer contra meu grande inimigo, e Deus não me dará sua “graça”, enquanto estiver me opondo a Ele! Por isso, é necessário que eu pare de resistir a Deus, antes de ter qualquer esperança de oferecer resistência a Satanás; em outras palavras, preciso deixar de ser orgulhoso, independente e autossuficiente. O crente que não ora é orgulhoso, pois sua recusa em receber a força proveniente de Deus equivale a dizer que pode ser bem-sucedido sem a ajuda divina. Satanás caiu por orgulho, e dissimulou para ter mais companheiros, atraindo-nos à sua armadilha. Sua isca é facilmente mordida, pois é natural a todos nós. Nossos primeiros pais sucumbiram prontamente à sugestão: “Sereis como Deus”.        
Mas o que significa “resisti ao diabo”?Em primeiro lugar, significa que eu não tenho de ficar apavorado diante dele. Satanás não tem qualquer poder constrangedor. Ele não pode prevalecer sem meu consentimento. Em segundo, não devo sequer ouvir a sugestão dele, mas .resistir. ativamente, afirmando: “Não cairei” Tenha essa atitude e permaneça firme em sua postura. Em terceiro, cite as Escrituras para Satanás, um versículo pertinente e adequado que confronta a tentação específica. Confie no poder da Palavra de Deus, esperando que ela expulse Satanás de seu caminho. Em quarto, pleiteie a promessa divina no versículo: .Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Sim, ele fugirá, pois não é apenas um inimigo vencido, mas também um notório covarde. “Ele fugirá de vós” apenas por um momento, pois voltará e reiniciar á a luta; e você também. Resumindo nosso exame da Palavra de Deus para descobrir o que ela ensina sobre este assunto de resistir ao diabo, já achamos o bastante para encorajar-nos. Mas continuemos nossa busca por mais esclarecimento e ajuda. Isto significa que eu preciso utilizar uma concordância e verificar, devagar e com cuidado, todos os versículos onde se encontram os vocábulos .diabo. e .Satanás.. Isto exige paciência, mas se o fizermos com oração, Deus recompensará o esforço.
Em 1 Pedro 5.8, lemos: “Sede sóbrios e vigilantes O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” Com certeza, esta verdade é muito descritiva e impressionante. Se você soubesse que um leão havia escapado do circo em sua cidade, que era feroz e estava faminto, que estava perdido, vagueando pelas ruas, e suas obrigações diárias lhe exigiam sair de casa, sem dúvida você agiria com bastante atenção e cuidado.
Queridos irmãos, minha suposição não é imaginária ou absurda. Existe alguém mais poderoso e cruel do que um leão, que está andando em derredor, procurando devorar nossas almas. Quão pouco acreditamos nessa verdade! Quão indiferente é a atenção que damos a este aviso divino!
Considere por um instante o contexto desse versículo: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5.7). Através destas palavras, o filho de Deus é convidado a lançar sobre o Senhor Jesus todo o seu fardo de ansiedade, estando seguro da compaixão de Cristo. Sim, mas o privilégio e a certeza do cuidado d’Ele para conosco não deve nos tentar a sermos levianos e negligentes. Assim, como em toda a Bíblia, neste versículo a promessa e o mandamento estão juntos. Observe o que vem logo em seguida. Primeiro, “Sede sóbrios” Em linguagem comum “sobriedade” é o oposto de “embriaguez” No entanto, devemos lembrar que há muitas outras coisas além de vinho e cerveja que intoxicam. “Sede sóbrios” significa ser temperante em todas as coisas, refrear todos os desejos e apetites da carne, particularmente ser “sóbrio” nas expectativas quanto a este mundo e na maneira como você o utiliza.
“Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.2). Se os olhos da fé avaliarem as coisas terrenas à luz da Palavra de Deus, perceberão que elas são efêmeras, sem valor e não satisfazem. Os prazeres do pecado são apenas “transitórios” (Hb 11.25); e quão transitórios! Lembremo-nos também de que precisa haver sobriedade de entendimento, antes de existir sobriedade de corpo. Oh! quão importante é que formulemos a correta estimativa das coisas terrenas e das celestiais! Se eu realmente recebo em meu coração as declarações da Palavra de Deus afirmando que “tudo que há debaixo do sol” é apenas “vaidade e correr atrás do vento”, a sobriedade será fomentada.
Em segundo, “sede... vigilantes”, não descuidados, ou impetuosos, ou presunçosos. Preciso estar atento, alerta, desperto. Novamente tenho de começar no homem interior; jamais serei “vigilante” sobre tentações externas, enquanto não tiver aprendido a cingir o meu “entendimento” (1 Pe 1.13) e dominar meu próprio “espírito” (Pv 16.32). Portanto, supliquemos graça para sermos “vigilantes” sobre nossas mentes e trazer “cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Co 10.5). Procuremos ser “vigilantes” sobre nossa disposição íntima, para que Satanás não ganhe vantagem. Se estivermos deprimidos, ele nos tentará ao desespero e ao desânimo. Mas eu tenho de “resistir” a esta inclinação. Se me sinto leviano e inconstante, ele me tentará à irreverência e à hilaridade; e isto mancha a reputação do seguidor de Cristo. Mas lembre se: para que sejamos “vigilantes”, precisamos antes ser “sóbrios!”
Em terceiro, “resisti-lhe firmes” Oponha-se aos esforços de Satanás a fim de predispor seu coração contra Deus e infiltrar em sua mente pensamentos maldosos a respeito d’Ele. Satanás se empenhará para causar-lhe dúvidas quanto ao amor de Deus; ele se esforçará para fazê-lo murmurar contra a severidade da providência divina e do rigor dos mandamentos de Deus. Você deve rechaçar os esforços de Satanás para atraí-lo à tentação, lembrando que Deus advertiu nos: “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as”(Ef 5. 11). Resista ao empenho de Satanás para levá-lo a pecar. Responda-lhe assim como José: “Como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?”(Gn 39.9).
Nossa resistência precisa ser resoluta e zelosa. Se um louco o atacasse, e você estivesse lutando por sua própria vida, empregaria todos os esforços. O mesmo acontece neste assunto: é a sua própria alma que Satanás está procurando destruir. A resistência de Eva mostrou-se frágil e indiferente; ela brincou com as solicitações malignas de Satanás. A queda de Eva deve servir- lhe de aviso. Através da palavra “resoluta”, pretendo dizer que devemos ficar indignados diante das primeiras sugestões de Satanás, tais como, por exemplo, permanecer na cama no domingo pela manhã. Nossa resistência tem de ser completa. A maneira como Satanás aborda as almas é gradual; a princípio, ele nos pede que cedamos apenas um pouco. Muitos prometem a si mesmos que cessarão de cometer tal pecado, após terem cedido um pouco; mas, quando a pedra começa a rolar do topo da montanha, é difícil fazê-la parar.
Vemos este princípio amplamente ilustrado no caso dos viciados em jogos de cartas e nos alcoólatras. Esteja atento. Nossa resistência precisa ser constante e contínua, não somente ao primeiro ataque de Satanás, mas a todas as suas investidas. O diabo é muitíssimo perseverante; nós também devemos ser.
Essas três considerações devem impulsionar-nos ao imperativo dever da resistência: primeira, o diabo não pode vencer-nos sem nosso consentimento; mas onde não há oposição, ali encontramos consentimento. Tome uma atitude positiva contra o grande inimigo das almas. Segunda, medite intensamente sobre a bênção da vitória; esta o compensar á por toda a diligência e esforço que você fizer. Os prazeres do pecado são temporários; os prazeres e os benefícios de negar a si mesmo são eternos. Leia Marcos 10.29-30. Terceira, lembre que a graça de Deus é prometida a todo aquele que resiste. Deus liberta, mas você precisa “guardar- se” (1 Jo 5.18). É por intermédio de nossa vigilância e oração que Ele torna eficaz nossa resistência. Não existe a promessa de que Deus preservará á uma alma descuidada e negligente.
“Resisti-lhe firmes na fé”. Provavelmente, há uma dupla referência na expressão “na fé”.Primeira, refere-se à analogia entre o vocábulo “fé” e a Palavra de Deus (ver Jd3); segunda, ao exercício da graça da fé. Satanás é o “poder das trevas”(Lc 22.53), e somente a luz de Deus pode revelá-lo e expulsá-lo. Ele utiliza o erro para iludir as almas; a verdade de Deus é necessária para libertar-nos. Temos de fazer-lhe resistência na fé, crendo, recebendo sabedoria e poder para agir de acordo com as Escrituras. Também devemos resistir a Satanás por exercitarmos a graça da fé salvadora. Nossos corações precisam apropriar se dos preceitos e promessas de Deus. Um bendito exemplo dessa verdade foi deixado por nosso Senhor. Ele resistiu firme “na fé”a Satanás, ao utilizar contra ele somente a Espada do Espírito.
“Resisti-lhe firmes na fé”. Quando hesitamos por causa da incredulidade, somos incapazes de permanecer firmes contra nosso grande inimigo. Foi por duvidar do castigo antecipadamente anunciado por Deus que Eva sucumbiu ao pecado. Mas somente podemos resistir a Satanás, com sucesso e “firmes na fé”, se houver apropriação pessoal da vitória de Cristo. Está escrito: “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro” (Ap 12.11). Na presença de Deus, recorra a este sangue a fim de ser liberto das tentações de Satanás. Confie na eficácia deste sangue para livrá-lo. Refugie-se no escudo propiciado pelo sangue do Cordeiro, quando perceber que o diabo está lançando seus dardos inflamados contra você.
Finalmente, devemos ressaltar que só existem duas alternativas: ser vitorioso contra Satanás ou derrotado por ele; não existe outra possibilidade. Se formos completamente vencidos por ele, o resultado será fatal. Ele não está apenas procurando ferir, mas “devorar”-nos (1 Pe 5.8)! E como isto se harmoniza com a eterna segurança do povo de Deus? É fácil responder essa pergunta: se realmente somos crentes, por intermédio da graça divina resistiremos ao diabo e o venceremos. Mas, se continuamos a ficar atentos às sugestões dele, cedendo a suas tentações, e somos completamente vencidos por ele, então, não importa o quanto conheçamos das Escrituras ou o que professamos ser, pertencemos a Satanás e somos seus legítimos escravos.
Fonte: Editora Fiel
Autor: Arthur W. Pink

04 julho 2012

O álcool e a questão do escândalo


“E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandaliza-lo.” (1 Coríntios 8.13)
No capítulo 14 da epístola aos Romanos, e na Primeira epístola aos Coríntios no capítulo 8 e dos versos 14 a 33 do capítulo 10, Paulo fala da preocupação que devemos ter em agir de tal modo que não leve nosso irmão a se escandalizar.
Quando se trata da questão do consumo do álcool, esse é o ponto que costuma gerar mais discussões. Está claro na Bíblia, ao contrário do que muitos crentes pensam, que o Senhor “Do alto de tua morada, regas os montes; a terra farta-se do fruto de tuas obras. Fazes crescer a relva para os animais, e as plantas para o serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão, o vinho que alegra o coração do homem” (Salmo 104.14-15). Além disso, Cristo transformou a água em vinho (ver João 2.1-14). Portanto antes de considerarmos a questão do escândalo, a Bíblia de modo algum proíbe o consumo de bebidas alcoólicas. Todavia, também é igualmente claro que o consumo exagerado é pecado Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias. (1 Pedro 4.3). "E não vos embriagueis com vinho" (Efésios 5.8). "Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices" (Romanos 13.13). (1 Pedro 4.3). 
Agora o ponto que gostaria de discutir é esse, quando beber moderadamente é pecado, quando deve-se levar em conta a questão do escândalo? Primeiro há aqueles que com base na ideia do escândalo creem que o cristão nunca deve beber na frente de outras pessoas, e de preferência deve-se abster totalmente do álcool. Outros em compensação, considerando que o débil está errado em não compreender que eu posso beber e que eu não devo ser escravo da opinião dele e deixa-lo na ignorância, consideram que sempre posso beber moderadamente. Será que alguns desses pontos estão corretos?
Confesso que eu sou mais tendente a primeira posição, mas aqueles que defendem que sempre é correto consumir bebidas alcoolicas moderadamente estão certos em dizer que o débil está errado e que não devo deixar de beber moderadamente deixando sempre aquele que é mais ignorante nessa ignorância, mesmo porque também devo buscar o crescimento no conhecimento do meu irmão, não posso fazer ele pensar que beber moderadamente é pecado quando na verdade não é. Mas igualmente não podemos descartar o que Paulo diz, existe sim o contexto onde minha atitude pode escandalizar o meu irmão, e com certeza o consumo de álcool se adequa nesse contexto muitas vezes, essa é a mesma atitude de alguns da igreja de corinto que provavelmente se orgulhavam no seu conhecimento e prejudicavam os seus irmãos. “E deste modo, pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra Cristo que pecais” (1 Coríntios 8.12). Apesar de como já falei anteriormente ter ser mais tendente por assim dizer ao primeiro posicionamento, ambas as atitudes biblicamente falando estão erradas.
Porém considerando tudo isso, como saber quando devo beber ou não beber (moderadamente é claro, em excesso é sempre errado!). Creio que dois versículos localizados bem no contexto onde Paulo fala sobre a questão de cuidado para não levar nosso irmão ao escândalo nos respondem essa questão. “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos para o Senhor morremos. Quer pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Romanos 14.8). “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a Glória de Deus” (1 Coríntios 10.31).
Percebam, que posso tanto beber quanto deixar de beber para minha glória. Se você der uma olhada no capítulo 8 de 1 Coríntios, verá que os Coríntios por achar que sabiam muito, não se preocupavam se a atitude deles levasse o irmão a perecer, eles de certo modo demonstravam que poderiam comer comida sacrificada a ídolo sem se preocupar porque tinham conhecimento que isso não era errado. “Eu como porque sei que nada há de errado com isso”. Não é atoa que nesse sentido Paulo fala que o “saber ensoberbece”. Há muitos que para demonstrarem seu conhecimento de que nada há de errado em beber, ainda que saibam que há irmãos imaturos que podem não reagir bem a essa atitude, bebem se se preocupar. Mas como o foco deles é demonstrar o “conhecimento deles” ou em outros casos como eles são legais, modernos, contextualizados, etc., eles acabam não se importando com o irmão que pode se escandalizar, vejamos que essa é uma atitude que além de egocêntrica é soberba, não há louvor a Deus em uma atitude dessa natureza, o homem que age assim busca louvor para si mesmo.
Todavia, é possível não beber para sua própria glória, se eu faço isso para demonstrar uma “espiritualidade superior” certamente faço isso para minha glória apenas. Lembram-se do fariseu que jejuava 2 vezes por semana (veja Lucas 18.9-14), não havia mandamento nesse sentido na Bíblia (não nessa frequência!), porém ele usava isso para se demonstrar como espiritual e buscar a glória dos homens. Não é possível ir além da lei de Deus, não se pode ir além do que é perfeito, os fariseus criavam mandamentos estranhos a Bíblia enquanto descumpriam vários outros. Podemos agir como os fariseus usando algo que não está na lei para tentar demonstrar como somos espirituais, certamente é mais fácil não beber do que deixar de mentir ou de cobiçar, portanto quando o “não beber” é focado em nós é pecado do mesmo modo.
Por isso, para responder adequadamente essa questão “Quando devo consumir bebidas alcóolicas?”, a resposta mais adequada seria “quando só Deus será glorificado com isso”[1]. Se você for beber em um momento onde pode desfrutar da comunhão e daquilo que Deus criou sem levar teus irmãos a prejuízo então beba, se você for deixar de beber em certa ocasião não porque isso te faça “mais crente”, mas porque você crê que há pessoas que podem compreender errado isso e serem levadas ao engano, então não beba. “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10.31) “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17).

Autor: Ivan Junior

[1] Compreendo que há pessoas que justificam quase tudo que fazem dizendo que fazem isso para a Glória de Deus, porém você só agirá para a Glória de Deus, se agir de acordo com a Lei d'Ele e se levar as pessoas a olharem para Ele e não para você.

02 julho 2012

Olho por olho, dente por dente


Ouviste o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas” (Mateus 5.38-41)

Dizem que Gandhi foi o autor de uma frase mais ou menos assim “olho por olho, dente por dente e todos vão acabar cegos e banguelas” Apesar de muitos pensarem que o ensino de Cristo e de Gandhi são semelhantes, queria demonstrar que Gandhi está errado.
Para compreendermos o que Jesus quis dizer nos versos acima precisamos compreender todo o contexto da mensagem.
Primeiro temos que compreender que Cristo não venho invalidar o antigo testamento, antes cumpri-lo, “Não pense que vim revogar a lei ou os profetas” (Mateus 5.17), o Evangelho de Mateus começa com as seguintes palavras “Livro da Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mateus 1.1) A verdade do Antigo testamento é pressuposta em todo o novo testamento, sem compreendermos o Antigo testamento como saberíamos quem foi Davi, quem foi Abraão. Quando Cristo é tentado pelo diabo, Ele usa a Palavra de Deus, e quando se refere a Ela Cristo diz “está escrito” (Mateus 4.4, 4.7, 4.10), e não “Ouviste o que foi dito” como ele faz no contexto do Sermão do Monte.
Portanto, achar que quando Cristo diz "ouviste o que foi dito" Ele está se referindo ao Antigo testamento seria irracional. Por isso Cristo não poderia estar invalidando a lei do Antigo Testamento que falava sobre o “olho por olho, dente por dente”(Êxodo 21.24, Levítico 24.20, Deuteronômio 19.21) (falaremos mais sobre ela depois). Nem podemos achar que o texto de algum modo contraria a defesa pessoal, da família etc.  O que Cristo estava demonstrando era a interpretação errada que era dada pelos fariseus, que usavam esse mandamento possivelmente como um meio de justiça própria. O próprio Antigo testamento nos ensina não nos vingarmos Se encontrares desgarrado o boi do teu inimigo ou o seu jumento, lho reconduzirás. Se vires prostrado debaixo da sua carga o jumento daquele que te aborrece, não o abandonarás, mas ajudá-lo-ás a erguê-lo.(Êxodo 23.4-5). Se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; se tiver sede, dá-lhe água para beber, porque assim amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça, e o SENHOR te retribuirá.” (Provérbios 25.21-22). "Não digas: Como ele fez a mim, assim lhe farei a ele; pagarei a cada um segundo a sua obra" (Provérbios 24.29)
Ainda que Cristo não estivesse invalidando aquilo que o Antigo Testamento dizia, há um ensinamento de Cristo aqui, a proibição da justiça própria, aquele que se acha no direito de fazer justiça com as próprias mãos se coloca no lugar de Deus, como José, novamente no Antigo testamento, reconhece quando seus irmãos vem pedir a ele que não se vingue deles. Respondeu-lhes José: Não temais; acaso, estou eu em lugar de Deus? (Gênesis 50.19).
Porém qual é a ideia do “olho por olho, dente por dente” ou lei do talião como é conhecida? Temos que compreender, que ao contrário da concepção de Gandhi, a ideia do “olho por olho” não era estimular a violência. O conceito é que a punição de um crime deve ser proporcional ao delito cometido, não se pode pagar um olho por um dente ou vice-versa, portanto a lei visa tanto limitar a violência como busca uma punição justa ao crime. Como diz Mauro Meister:
“Logo o que muitos entendem ser um ato de vingança pura e simples, é na verdade, um ato de retribuição necessária, tanto como a punição para o indivíduo que comete o crime quanto para o ambiente social, visando prover meios para a reeducação com criminoso e também inibir outro delitos. Considerando que se trata de aplicação da lei aos cidadãos, deveria ser aplicada no contexto das instituições civis da época (nas tribos, associações tribais, monarquias, etc.), desestimulando assim a vingança pessoal e estabelecendo o limite da retribuição para as autoridades que aplicavam a lei e julgavam as causas de seus governados”
Se alguém perdeu um dente por ter tirado o dente de alguém, logo ele não tem o direito de exigir que aquele que cumpriu a lei perca o dente por isso. Portanto, a ideia de Gandhi não faz sentido.
A lei do talião, é justa e novamente citando Mauro Meister:
 “...a chamada “lei do talião” (olho por olho, dente por dente) no contexto bíblico é justa, serviu para o propósito de Deus naquele tempo para a vida do seu povo e deveria servir de parâmetro para a lei civil proclamada pelo Estado em seus códigos civil e penal.”
Recomendo esse artigo o qual também usei para fazer citações nesse post: