29 junho 2012

Meditação Salmo 23.4


“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.” (Salmo 23.4)
Quando lemos a carta de 1 Pedro, vemos que o apóstolo nos chama de peregrinos e forasteiros. A ideia é mostrar que não somos desse mundo, pelo menos não no estado em que ele está pelo pecado, mas outra coisa que a ideia de peregrino nos remete é a ideia que estamos em uma peregrinação.

Podemos comparar nossa caminhada na fé com uma jornada, e nessa jornada há um Pastor o qual nos conduz.  Aquele que é o nosso Pastor também  foi o cordeiro que levou as nossas iniquidades, antes nós andávamos desgarrados pelo caminho, mas Ele carregou os nossos pecados, e como Bom Pastor nos guia pela sua voz.
Davi se regozija em saber que Jeová e o nosso Pastor, que nos leva para pastos verdejantes, para águas de descanso, e o que mais precisaria uma ovelha?  Lembremos que Cristo também é o pão da vida e a nossa fonte de águas que não tem fim. Ele faz tudo isso por amor do Nome d’Ele, o mais precioso de todos os Nomes. Porém no verso 4 do Salmo 23, nós nos deparamos com uma mudança de cenário, o vale da sombra da morte. Quem nos conduziu por esse vale? Vejamos que nosso Pastor também está lá, com Seu bordão e o Seu cajado, se olharmos por toda a Bíblia, veremos que Deus é quem nos conduz até mesmo pelo vale da sombra da morte. Mas nossa segurança está em saber que Ele nos levou até lá, Ele esta lá conosco, é a presença d'Aquele que prometeu que estaria todos os dias conosco que nos consola. Nem mesmo a morte, aquilo que assusta toda a humanidade pode assustar aqueles que são conduzidos pelo Pastor que venceu a morte.
Muitos são aqueles que nos momentos de dificuldades tentam diminuir a Deus, ou acham que de algum modo Ele perdeu o controle. Essa não é a resposta certa, Deus nos conduz mesmo em meio ao vale da sombra da morte, lembremos que o Seu povo passou pelo deserto antes de chegar a terra prometida. A resposta certa para nossos problemas é lembrar que Ele é o nosso pastor, o Bom Pastor deu a vida pelas Suas ovelhas, você acha que esse Bom Pastor não irá conduzir suas ovelhas da maneira correta?
Ah, que possamos como Davi, regozijar-nos no Bom Pastor, que possamos dizer que nossa alegria não está no caminho pelo qual Ele me guia, mas em conhecer Aquele que me guia. Irmãos que seja esse o nosso pensamento, que jamais duvidemos do cuidado de tão Maravilhoso Pastor.

Autor: Ivan Junior

27 junho 2012

O Dízimo é uma obrigação do cristão?


O Dízimo é uma obrigação do cristão?
Antes de escrever sobre esse assunto, quero deixar claro que creio que há verdadeiros cristãos que amam a Bíblia, que são contrários ao dízimo. Não creio que todos que sejam contrários à prática o façam por não quererem dar dinheiro a igreja, alguns podem ser até mesmo mais generosos do que aqueles que são defensores do dízimo. Lógico que existem questões fundamentais, que aqueles que as negam não poderiam de modo algum ser considerados cristãos, não creio que o dízimo esteja entre essas questões fundamentais, porém vou tentar demonstrar aqui que quem se posiciona contrariamente ao dízimo está errado.

Para alguns, pode parecer estranho que haja cristãos que dizem que a prática do dízimo está errada, mas não podemos ignorar que o argumento deles tenha algum peso. De modo geral, aqueles que são contra a prática do dízimo o são, pois consideram que, na Nova Aliança, após a morte e ressureição de Cristo não há mandamento que diga que os cristãos devem pagar o dízimo e somente que eles devem pagar ofertas e, portanto os cristãos não estão mais sobre a obrigação de pagar os dízimos.
De modo geral, para se chegar a essa conclusão deve-se ter o seguinte pressuposto em mente, eu só tenho obrigação de cumprir algo se estiver confirmado no novo mandamento. Será que Cristo revogou a lei? Não foi isso que Ele disse no sermão em que demonstrou a correta interpretação dela “Não penses que vim revogar a lei ou os Profetas, não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra.” (Mateus 5.17-18). Devemos compreender a divisão que os teólogos fazem em relação a lei.
Lei cerimonial: Relacionados aos sacrifícios e a separação do povo de Israel dos demais povos, foi cumprida em Cristo e estamos livres delas, eram sombras que apontavam para a Cristo. (Você pode compreender melhor isso estudando a epístola aos Hebreus).
Lei Cívil: Lei do estado teocrático de Israel, não somos mais cidadãos do estado de Israel, essa lei pode ser usada como modelo para o desenvolvimento de um governo civil, mas é para ser aplicado por governos e não pela igreja, apenas ao estado (Rm 13.1-6) foi dado o poder da espada (de aplicar a pena capital, ou seja pena de morte) e não a igreja.
Lei Moral: Estamos sobre obrigação de seguir essa lei, fomos salvos para andar segundo ela (Ef 2.10, Ti 2.14, Jo 14.15, 1 Jo 2.3-4, 1 Jo 5.2-3).
É importante compreendermos que a lei moral não é só aquilo que está prescrito no Novo testamento. Por exemplo, você acha imoral fazer sexo com um animal? E casar com sua irmã, irmão, tio, ou tia? O novo testamento não proíbe esse tipo de coisa, apenas o antigo testamento, se pensarmos que apenas o que tá no novo vale para nós não podemos considerar imoral nenhuma dessas coisas.
Portanto, a menos que o dízimo seja considerado como lei cerimonial ou civil ou que esteja implícito no novo testamento que não devemos dar o dízimo não poderíamos considerar que ele não seja mais obrigatório.
Podemos afirmar de maneira clara que ele não faz parte da lei civil, já que ele já era dado antes de Moisés. Vemos que Abraão pagou o dízimo a Melquisedeque (Gn 14.18-20).
Porém poderia o dízimo ser considerado uma lei cerimonial? O dízimo sustentava os sacerdotes, que estavam ligados ao templo, poderíamos por isso dizer que o dízimo não é mais obrigatório? Se considerarmos o mesmo exemplo anterior, podemos dizer que antes de existir o sacerdócio levítico já existia o dízimo. É correto que também existia a circuncisão e os sacrifícios, mas essas coisas foram claramente modificadas, a circuncisão pelo batismo e os sacrifícios apontavam claramente para Cristo. Não podemos dizer o mesmo sobre os dízimos, não há nenhuma advertência no Novo Testamento de que seria errado os cristãos fazerem isso.
Além disso, há algo que Paulo fala muito útil para dizermos que o dízimo ainda é válido, lembre que ele falou isso sobre a Nova Aliança:
“Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira sustento” (2 Coríntios 9.13)
Apesar de alguns cristãos invalidarem o Antigo Testamento, não é essa a atitude Paulo para com o Antigo Testamento, como não foi a atitude de Cristo e nem de nenhum dos apóstolos. Além disso, Paulo está defendendo o direito daquele que prega viver apenas de pregar o evangelho. Se ele tem o direito de viver de pregar o evangelho, donde ele tirará o sustento? Os que serviam no templo eram sustentados pelos dízimos, será que considerando o exemplo de Paulo não deve ser essa a forma de sustento de quem vive do evangelho?
Além disso Paulo ensina cada um a contribuir segundo tiver proposto no coração (2 Cor 9.7) e segundo nossas posses (2 Cor 8.11), tendo que estipular um valor você prefere confiar em sua própria sabedoria ou naquilo que o próprio Deus estabeleceu?
Por último, acho importante lembrarmos de uma advertência de Cristo:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!(Mt 23.23)
Cristo não diz que dar o dízimo era errado, mas apenas que isso não é a coisa mais importante. Devemos fazer isso sem esquecer as coisas mais importantes.
Uma defesa bem mais elaborada poderia ser formulada, mas acho que esses princípios aqui são importantes para entendermos que o dízimo ainda é uma obrigação do cristão. Quando fazemos isso declaramos que tudo pertence ao Senhor, apenas devolvemos a Ele uma parte. Além disso 10 por cento deveria ser o mínimo a ser considerado, se não damos nem isso para sustentar a obra d’Ele será que poderíamos considerar que temos dado prioridade ao seu Reino (Mt 6.33). Se você acha que não é correto dar os dízimos somente pense sobre isso.
PS: Após ter escrito esse post encontrei esse texto que indico no link abaixo do Pb. Solano Portela, com bons argumentos em defesa do dízimo. Não modifiquei meu texto depois de ter lido esse, apenas acrescentei uma referência bíblica a mais.
Além do link acima acho importante ver o que o Pb. Solano Portela escreveu em um comentário no blog, no qual ele é um dos escritores, segue abaixo.

Resumindo minha posição sobre o dízimo:   

1. A contribuição proporcional antecede a lei civil e judicial de Israel. Aparentemente, pelos registros bíblicos, o costume era uma prática do povo de Deus e das pessoas tementes a Deus na época dos patriarcas.     
2. Logicamente, a prática foi incorporada na legislação de Israel. Junto com seu caráter mandatório, foram estipuladas outras contribuições e taxas. O entrelaçamento, da época, entre o governo civil e as autoridades religiosas (normal, pois era uma teocracia) faz com que essas taxas fossem também os impostos para a manutenção do governo, mas não excluiu os aspectos sacramentais, simbólicos e religiosos - de reconhecimento de Deus como o dono de tudo e de todos e nós como mordomos seus.           
3. Quem fizer defesa de dízimo baseado na legislação mosaica, o faz equivocadamente e, por coerência, deveria advocar o apedrejamento de quebradores do dia de descanso, bem como as leis dietéticas. Até a utilização da expressão "trazei todos os dízimos à casa do tesouro" aplicada anacronicamente aos nossos dias, é questionável e não reflete uma boa hermenêutica - a não ser para o explorar o princípio que estava por trás disto.     
4. Por outro lado, considerando que a prática da contribuição proporcional não foi iniciada nesse período, há de se questionar se o seu abandono é algo a ser defendido, propagado, pregado. Ou seja - será que isso contribui para o bom andamento da Igreja?
5. Indo ao Novo Testamento, não vemos revogação do princípio da contribuição proporcional, nem pregação contra ele, nem indicação de que ele se constituiria em uma forma legalista de adoração. Pelo contrário, em algumas situações (coloco essas questões mais extensivamente no meu artigo) Paulo utiliza a linguagem de prática de contribuição proporcional, como sendo uma forma a ser seguida pelos fiéis.
6. Além disso, no próprio Novo Testamento, o autor de Hebreus, quando faz referência ao incidente de Abraão, para ressaltar a ascendência de Melquisedeque sobre a Lei Ceirmonial do AT, demonstrando a permanência do sacerdócio de Cristo, faz menção à dádiva do dízimo. Por que essa referência? Se o dízimo é algo que não é importante; que deve, na realidade, ser abolido; que pertence apenas "à época da lei", por que ressaltar a dádiva, apenas confundindo seus leitores? Ou será que era, realmente, importante mencionar coo algo que está acima da lei cerimonial?
7. Ainda no NT, Jesus não prega contra o dízimo e, na realidade, reforça ele, dirigindo-se aos Fariseus.           
8. A prática de ofertas voluntárias não poderia ser, na minha opinião, a contrapartida neo-testamentária ao dízimo, pois elas já existiam, igualmente, no antigo testamento (desenvolvo, também, com maior substanciação, esse ponto - de ofertas no Antigo Testamento, em meu artigo). No meu entendimento, as ofertas são algo acima e que transcendem uma sistematização no dar.    
9. Se considerarmos etimologicamente a designação da contribuição proporcional (dízimo), vamos cair nos dez por cento. Será possível estabelecermos outro padrão? Cinco por cento? Dois por cento? Trinta por cento (como ouvi um pregador, certa vez, dizer que era assim que ele fazia e quase procurar impingir isso como ideal)? Talvez, mas isso não terá uniformidade ou aceitação abrangente e terminaríamos em um individualismo subjetivo. Como poderia ser proporcional, se os percentuais variassem de comunidade para comunidade, ou até dentro da mesma comunidade? Temos, realmente, que "inventar" algo novo?           
10. Posso até concordar que essa questão, por não ser determinação neo-testamentária explícita, talvez não devesse ser alvo de legislação denominacional ou eclesiástica, ficando no foro íntimo. Mas me parece que a idéia da contribuição proporcional:     
a. É Bíblica.    
b. Auxilia o homem, indisciplinado por natureza, a se organizar a sistematizar a sua contribuição.       
c. Faz com que as comunidades (vejam, estou sucumbindo à terminologia contemporânea) e igrejas locais reflitam o poder aquisitivo dos congregados e tenham condições de planejar e projetar suas ações e ministérios.
d. A contribuição sistemática alegra a Deus e não impede que contribuamos com alegria (será que todo o povo de Deus no AT, onde não há dúvida que o dízimo era requerido, contribuía por constrangimento, sem alegria? De onde tiramos essa noção, de que sistematização significa escravidão?);e. Assim, mesmo sem se constituir ponto de julgamento de um sobre o outro, ou da igreja sobre o um, deveria ser pregada e propagada dos púlpitos, como um estudo bíblico válido e aplicável.

Autor: Ivan Junior

26 junho 2012

A Revelação de Deus pela natureza e pela sua Palavra


Texto base: Salmo 19
A segunda pergunta do catecismo maior de Westminster diz “Donde se infere que há um Deus?” e a resposta dada é “A própria luz da natureza no espírito do homem e as obras de Deus claramente manifestam que existe um Deus; porém só a sua Palavra e o seu Espírito o revelam de um modo suficiente e eficazmente aos homens para a salvação”, Sobre isso gostaria de falar um pouco hoje.
Dos versos 1 a 6 o salmo fala de como a natureza declara que há um Deus. Paulo faz algo semelhante em Romanos 1.20 “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebido por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”. Percebemos que há um Deus por meio das obras da natureza, portanto quem o nega é indesculpável, porém há algo digamos filosófico que gostaria de falar sobre isso. Um cachorro ou um macaco não inferem que há um Deus por observar a natureza, o que quero dizer com isso, além da natureza precisa haver algo em nós que faça perceber por meio da natureza que há um Deus. A Bíblia nos ensina que homem e mulher foram criados a imagem de Deus (Gênesis 1.27), apenas o homem tem a capacidade de se comunicar com Deus, e apenas no homem como diz Calvino “um senso da divindade que nunca se apaga está gravado na mente dos homens”. Por essa razão quando olhamos para natureza esse sendo de divindade que há em todos os homens faz lembrarmos que há um Deus.
“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”(verso 1). Como diz Davi no salmo 8, os céus nos levam a perceber a grandeza de Deus e consequentemente nossa pequenez diante dele “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem que dele te lembres e o filho do homem, que o visites” (Salmo 8.3-4). “Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite” (verso 2). Deus prometeu a Noé que enquanto durar a terra não deixará de haver dia e noite. (Gênesis 8.22). “Não há linguagem, nem há palavras e deles não se houve nenhum som; no entanto por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras até aos confins do mundo.” (verso 3 e 4). Paulo faz uma citação de um desses versos em Romanos 10.18, porém isso ecoa o ensino de Paulo em Romanos 1, que mostra que todos são indesculpáveis pois em todo lugar as obras da criação declaram que há um Deus. No fim do verso 4 até o verso 6, Davi fala sobre o sol, é interessante ele dizer que Deus fez um tenda para o sol, quem usa Tenda não tem morada fixa, assim também é em relação ao sol, que sobre nossa perspectiva está sempre em movimento e aquece toda a terra, e assim sempre será diante dos nossos olhos o sol vai de um canto ao outro da terra e aquece tudo com o seu calor.
Agora do verso 7 a 10, Davi fala sobre a outra maneira pela qual Deus se revela que é por sua Palavra. Ele faz isso por meio de 6 sentenças nas quais repete o nome Yavé. “A lei do SENHOR é perfeita, e restaura a alma”(verso 7) portanto, a Lei de Deus é perfeita, e por ser perfeita é a única que pode nos restaurar e encaminhar para a perfeição, fazendo com que o “homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” 2 Timóteo 3.17, “O testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices” (verso 7) O testemunho do SENHOR é verdadeiro, e “Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho” (Salmo 25.9). “Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração”(verso 8) Os preceitos do SENHOR referente a todas as coisas são sempre retos (Salmo 119.128), e além disso alegram o coração, os Filhos de Deus sempre se alegram com sua lei. “O mandamento do SENHOR é puro e ilumina os olhos” (verso 8) por ser totalmente limpo e puro a Palavra de Deus pode iluminar nossos olhos, a Palavra de Deus é “luz para os meus caminhos” (Salmo 119.105) só com ela em mente posso observar claramente as coisas. “O temor do SENHOR é límpido e permanece para sempre” Matthew Henry diz que o temor do SENHOR é a verdadeira religião e piedade prescritos na Palavra, reinando no coração e praticado na vida, e isso durará para sempre, porque “as portas do inferno não prevalecerão contra ela [a igreja]”(Mateus 16.18). E “os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos igualmente justos” Não há injustiça em nenhum julgamento do SENHOR.
Davi continua com algumas reflexões sobre a Palavra de Deus a partir do verso 11. “São mais desejáveis do que o ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos”(verso 10) Ele compara a Palavra de Deus com aquilo que é mais valioso, mostrando seu valor imensurável, e com o que havia de mais doce mostrando quão valiosa é a Palavra de Deus para os seus filhos. “Além disso por elas se admoesta o teu servo;” (verso 11) A Palavra de Deus nos avisa, nos alerta, a escritura é útil “para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Timóteo 3.16). E além disso “em os guardar, a grande recompensa”(verso 11) há sempre a recompensa de se guardar a Palavra de Deus, ainda que ninguém seja salvo pela lei. A Bíblia nos ensina sobre um galardão, mas a recompensa sempre deve ser vista como um presente ao próprio Cristo, pois “Deus efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”(Filipenses 2.13). “Quem há que possa discernir as próprias faltas?”(verso 12) Sem a Palavra de Deus como poderia saber o que é certo e o que é errado, poderia descobrir isso de algum modo? Pela opinião da maioria, então quem poderia condenar Hitler, ou índios canibais, ou algumas civilizações que consideram o roubo uma virtude como o espartanos? Apenas a Palavra nos ensina a discernir, pois essa Palavra pura que ilumina os nossos olhos. E Davi termina com alguns pedidos, perdão, guarda-lo da soberba para que ele seja irrepreensível e que “As Palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, SENHOR, rocha minha e redentor meu!” Nenhum pedido como de muitos hoje, mas um pedido centrado no próprio Deus e naquilo que lhe é agradável. No Salmo 1 versos 1 e 2  aprendemos que “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes o seu prazer está na lei do SENHOR e na sua lei medita de dia e de noite.” Sabemos que as “boca fala do que o está cheio o coração” (Mateus 12.34) e se nosso coração estiver cheio da Palavra de Deus, certamente nossas palavras serão agradáveis ao SENHOR, que é nossa rocha, nosso fundamento, e apenas aqueles que ouvem suas palavra e as praticam que edificam sua casa sobre a rocha. (Ver Mateus 7.24).
Queria meditar em alguns pontos relacionados a essa Palavra, primeiro vamos falar sobre algo que é meio filosófico, por assim dizer. Uma das grandes questões da filosofia é. Como podemos saber alguma coisa? Como posso descobrir a verdade? Como eu sei que não vivo no Matrix, ou que eu não nasci há 5 minutos? Se pensarmos do ponto de vista naturalista, nós somos apenas resultado de uma luta pela sobrevivência, assim também é nosso cérebro, logo não há razão nenhuma para que o que nosso cérebro pense seja verdadeiro, nesse caso mesmo a lógica e aquilo que declaro ser verdade não passariam de sinapses de nosso cérebro, elas mudariam com o tempo, mas se a verdade muda então o que eu penso nunca foi verdade, e se nesse mundo naturalista não pode haver verdade, o naturalismo também não pode ser considerado verdadeiro. Além disso, o homem nunca pode saber todas as coisas, nenhum de nós é onisciente, de modo que uma declaração verdadeira sobre algo nunca poderia vir de nós, só poderia vir de Deus, que é ETERNO, ONISCIENTE, que sabe todas as coisas, e só poderíamos saber algo se Ele nos revelasse, e assim ele fez por meio de Sua Palavra. Pois Cristo é verdadeira luz que ilumina a todo homem (ver João 1.9) nesse caso não pode a luz se referir a salvação, visto que nem todos são salvos, mas ao conhecimento que só pode existir se revelado por Deus. Apenas a bíblia nos mostra a maneira correta de compreender o mundo, ela não é um enciclopédia que trata de todos os assuntos, mas nos fornece pressuposições que nos permitem entender e compreender o mundo racionalmente. Sei irmãos que há dificuldades com a bíblia, há muitos textos em que possivelmente morreremos sem compreender, há passagens difíceis, algumas passagens parecem se contradisser e nem sempre há respostas adequadas para esses questionamentos. Mas os críticos tem muito que nos responder também, sobre como pode haver tamanha harmonia entre seus ensinamentos? Como pode um livro focar tanto na Glória de Deus quando somos tão centrados em nós mesmos? Como poderia um povo falar tamanho mal de si mesmos, quando somos nós tão hipócritas em falar sobre nossos defeitos? Como cada personagem e cada história aponta de modo maravilhoso para redenção de Cristo Jesus, desde a promessa daqueles que esmagaria a cabeça da serpente, a veste de animais dada pelo próprio Deus para cobrir a nudez de Adão e Eva, o cordeiro da Páscoa, os sacrifícios feitos pelo povo, a serpente levantada no deserto, etc. Como os ensinamentos bíblicos são coerentes e lógicos e como principalmente Cristo responde a difícil questão de como Deus pode ser justo e misericordioso ao mesmo tempo? J. Scott Horrell conta que um dia perguntou a Schaeffer “Mas como posso saber se a Bíblia é a verdade?” Ele respondeu: “Viva o que Ela diz e você vai saber”.
Em segundo lugar vamos analisar a relação que Davi tem com a Palavra de Deus, pergunto-lhes pode o homem naturalmente se sentir assim? Olhe para sua vida, lembre-se de quando você era criança veja como você sempre se rebela a qualquer ordem, como é sempre cobiçado pelo proibido, como os caldeus também somos aqueles que “criam mesmos o seu direito e a sua dignidade” (Habacuque 1.7). Então como alguém pode ter tal atitude em relação ao pesado padrão moral da Palavra de Deus? O fato de nossa natureza ser má implica necessariamente que não podemos muda-la. Como diz Jeremias “Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo as suas manchas? Então poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal” (Jeremias 13.23). Alguém só pode agir assim de o próprio Deus mudar sua natureza, não á atoa que Cristo diz a Nicodemos “se alguém não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (João 3.3). Essa é uma necessidade a todos os homens, tanto aos que nasceram na igreja, tanto aos que viveram intensamente no mundo, pois “todos pecaram” (Romanos 3.23).
Além disso, em terceiro lugar, uma pergunta poderia surgir, se somos salvos pela Graça somente, porque temos que ter tal atitude com a lei? Isso não é legalismo, não era necessário apenas na antiga aliança? Veja como Davi termina o Salmo, ele fala do SENHOR, Rocha minha e Redentor meu! Davi mostra que não é a lei que nos redime, mas Deus, a salvação é sempre a base pela qual passamos a seguir a lei, antes dos dez mandamentos o SENHOR diz, “Eu sou o SENHOR, teu Deus que te tirou da terra do Egito” (Êxodo 20.2) A Salvação é sempre a base pela qual passamos a viver de acordo com a lei, podemos dizer que não somos salvos pela lei, mas somos salvos para cumprir a lei “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2.10) lemos em Tito 2.14 “o qual [Cristo] a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar par si um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” Aqueles que foram salvos por Cristo O amam e Cristo nos diz “Se me amais, guardarei os meus mandamentos”(João 14.15) e as ovelhas do bom pastor ouvem a sua voz (João 10.27).
Aplicação
Diante de tudo que discutimos hoje, queria lançar a todos vocês uma pergunta, esse é um momento de olharmos para nós mesmos e sermos sinceros em relação a essa pergunta. Qual é a tua relação com a Palavra de Deus? Pense um pouco sobre isso. Você tem prazer em cumprir o que ela diz? Pode-se alegrar com aquilo que ela diz? Ou você é o tipo de pessoa que sempre quer que ela diga algo diferente, que nunca aceita o que está muito claro nela? Medite cada um seriamente nisso “Qual é a minha relação para com a Palavra de Deus?”
Uma das respostas pode ser. Eu tenho prazer nela, as vezes caio, as vezes transgrido suas leis, mas me entristeço com isso. Porém minha alegria está quando eu ando na lei do Senhor e quando, parafraseando João “Não tenho alegria maior do que esta, de ouvir que meus [irmãos] andam na verdade” (ver 3 João 4). Para você esse salmo nos lembra de que haverá grande recompensa, lembre que o mesmo SENHOR que nos guia com o conselho dele, sua Palavra, é aquele que nos recebe na glória (ver Salmos 73.24).
Outra resposta pode ser, já tive prazer na lei de Deus, mas ando entristecido pois não tenho mais vivido desse modo. Para você cabe o mesmo conselho dado a igreja de Éfeso, “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta a prática das primeiras obras” (Apocalipse 2.5) Seu pai estará sempre pronto a te receber como se você não tivesse feito nada de errado, sem  nenhuma palavra de acusação. Volte-se a Ele, e pela obra de Cristo Ele o recebe de braços abertos.
Alguns podem pensar que já tiveram prazer na lei de Deus, mas hoje se divertem em descumprir a lei, não aceitam aquilo que está na Palavra, esse é um sinal de que você nunca se alegrou verdadeiramente na lei de Deus. Você provavelmente se alegrou porque teve uma visão errada da lei, mas quando a conheceu preferiu esse mundo. Talvez não haja momento que você lembre-se de ter caído, mesmo porque você nunca esteve de pé. Você pode ter certeza de que nunca se alegrou em cumprir a lei de Deus, você pode ser aquele que ainda vive para si mesmo. E nesse caso, não faz diferença se você nasceu ou não na igreja, se teu pai e pastor ou se você é filho de uma prostituta, se você se prostitui e faz isso fisicamente, ou se faz isso apenas mentalmente atrás da tela de um computador. Pode ser que você nem faça essas coisas, que você até viva razoavelmente, mas seu prazer está em fazer aquilo que é errado, você sonha em viver mais intensamente no pecado, tem inveja daqueles que vivem intensamente no mundo. Se algumas destas descrições se referem a você, você certamente está perdido. Você está condenado. Você nem mesmo poderia ir para o céu, pois não haveria alegria lá para alguém como você. E em você não há capacidade de fazer algo para se salvar. Você está perdido. E como diz Jonathan Edwards, “Nada a não ser a vontade de Deus impede que você seja lançado no inferno agora mesmo”. Mas a Palavra de Deus, não é somente lei, também é boas-novas, e há um Redentor, que cumpriu totalmente a lei de modo que aquele que confia na obra dele pode ser salvo. Não importa quão impiamente você tenha vivido, quão intensamente você tenha mergulhado no pecado, o sangue d’Ele é suficiente para te limpar, apenas confie na obra d’Ele. Há uma hino em inglês que diz o seguinte:
Há uma fonte preenchida com o sangue
Extraído das veias de Emanuel
E os pecadores mergulhados nessa corrente
Perdem todas as suas manchas de pecado[1]
 “Fiel é a Palavra e digna de toda aceitação: Que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1 Timóteo 1.15).
“Que as palavras dos nossos lábios e o meditar do nosso coração sejam agradáveis na tua presença. SENHOR Rocha nossa e Redentor Nosso” Amém.

Autor: Ivan Junior

[1] Tradução livre do ínicio da música there is a fountain de William Cowper and Lowell Mason

25 junho 2012

O Filho do Homem - Vincent Cheung


Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído.(Daniel 7.13-14)”
O termo “filho do homem” foi compelido a ser familiar aos judeus, já que eles estudaram seus escritos proféticos, e uma vez que isso foi obviamente uma profecia significante, referindo-se aquele que seria Rei para Sempre.

Referindo-se a si mesmo com o termo, Jesus identificou a si mesmo com esse “Filho do homem” em Daniel. Esse “filho do homem” aceita louvor (v 14a) e por isso ele é Deus. Então quando Jesus refere-se a si mesmo com esse termo, ele afirma sua própria divindade. Ele também afirma sua humanidade pelo termo uma vez que autoridade universal foi “dada” a Ele. Como o Filho de Deus ele não teria necessidade disso, uma vez que como Deus ele já possuía autoridade universal, mas Jesus como encarnação de Deus recebeu autoridade universal em seu papel de Messias. Portanto, o termo exige uma doutrina de encarnação desenvolvida, incluindo a Divindade de Cristo.
Então nós lemos em Mateus 26:
“E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu.” (v.63-64)
Jesus admitiu que Ele era “Cristo, o Filho de Deus” e então Ele chamou a si mesmo o “Filho do Homem” em conexão com a autoridade recebida e vindo sobre as nuvens. Nas Escrituras, Deus é dito viajar nas nuvens: “faz das nuvens o seu carro, anda sobre as asas do vento. (Salmo 104.3)” “Eis que o SENHOR vem cavalgando numa nuvem ligeira, e entrará no Egito;” (Salmo 19.1) Assim Jesus afirmou que Ele foi o cumprimento da profecia de Daniel, que Ele era Deus, e um a ser adorado.
A passagem é a citação do que Jesus disse. Ela inclui juntamente uma confissão de sua divindade, e um apelo a profecia ou linguagem profética que equivale a uma outra confissão de sua divindade. Então nessa curta passagem ele afirma sua divindade no mínimo duas vezes. Há muitos outros textos que sustentam o fato que Jesus confessa ser Deus, mas isto é suficiente para mostrar que Ele realmente fez essa afirmação.
Portanto, a declaração que Jesus nunca afirmou ser Deus, mas preferencialmente insistiu em sua humanidade chamando a si mesmo de “filho do homem,” é mostrada como um mito e falsa interpretação crido e promovido por pessoas ignorantes. Não-cristãos são cruéis contra a fé cristã. Eles fingem ser especialistas na Bíblia mas não podem conduzir uma discussão simples sobre o que eles ensinam. Esse é um outro exemplo de que eles são certamente pessoas estúpidas e perversas.
Original: Aqui
Tradução: Ivan Junior
Autor: Vincent Cheung

22 junho 2012

Eu não penso assim, Doug – John Piper


Doug Wilson, em uma postagem recente intitulada, “Paul on divorce and remarriage”(NT: Paulo em divórcio e novo casamento), diz que 1 Coríntios 7.28 permite um homem divorciado casar novamente. Eu não acho que seja isso o que Paulo esteja dizendo.

1 Coríntios 7.27-28 diz “Você está ligado a esposa (ou literalmente “mulher” como no noivado)? Não procure ser livre. Esta livre de uma esposa (ou mulher)?Não procure uma esposa (ou mulher). Mas se você casar, você não pecou, e se a mulher desposada casa, ela não pecou” (NT: Nesse caso fiz uma tradução da versão usada pelo autor, as partes em parênteses são citações dele)
A questão é se “livre de uma esposa” no verso 27 significa divorciado ou se ele significa não casado. Se isso significa “divorciado de uma mulher”, então ele está dizendo “Se uma pessoa divorciada casa novamente, ela não peca”.
O melhor argumento em favor da leitura do verso 27 é que por trás do termo em inglês “free from a woman” (NT: Livre de uma mulher) esta o grego lelusai o qual é voz passiva de luo (“desligar”) de modo que lelusai soa como  “desligado de uma mulher” que é “divorciado”.
Eu acho que é improvável que Paulo esteja dizendo que aos divorciados é permitido casar novamente. Preferencialmente, ele esta dizendo que noivos virgens – homens e mulheres – deveriam considerar seriamente a vida de solteiro, mas não pecam se eles casarem.
Aqui estão os argumentos para essa visão:
1.   Verso 25 sinaliza que Paulo está iniciando uma nova sessão e lidando com uma nova questão. “Quanto às pessoas virgens, não tenho mandamento do Senhor, mas dou meu parecer como alguém que, pela misericórdia de Deus, é digno de confiança. 
1 Coríntios 7:25” (NVI). Ele já lidou com o problema de pessoas divorciadas nos versos 10-16. Agora ele assume uma nova questão sobre aqueles que ainda não são casados, e ele sinaliza isso dizendo “Quanto as pessoas virgens”(NVI). Portanto é muito improvável que as pessoas referidas no verso 27-28 sejam divorciadas.
2.   Uma afirmação de que não é pecado pessoas divorciadas se casarem novamente (verso 28) iria contradizer o verso 11, onde ele diz que uma mulher separada do seu marido deve permanecer solteira “que a esposa não se separe do seu marido.
Mas, se o fizer, que permaneça sem se casar ou, então, reconcilie-se com o seu marido. E o marido não se divorcie da sua mulher. 
1 Coríntios 7:10-11”(NVI)
3.   O verso 36 muito provavelmente descreve a mesma situação em vista nos versos 27 e 28, porém claramente se refere a um casal que ainda não está casado. “Se alguém acha que não está tratando adequadamente sua noiva (parthenon), se sua paixão é forte, se tem que ser, deixa ele fazer como deseja: deixe eles casarem – não é pecado” (NT: nesse caso mas uma vez optei por uma tradução direta da versão do autor). Isso é o mesmo que o verso 28 onde Paulo diz “ Mas se você casar, não peca”.
4.   A referência em inglês no verso 27  “being bound to a ‘wife’” (NT ”estar ligado a uma esposa” não vemos o termo “ligado a esposa” nas versões mais comumente usadas em português) pode ser mal interpretado por sugerir que o homem já está casado. Mas no grego a palavra esposa é simplesmente “mulher” e pode se referir tanto a uma mulher desposada a um homem quanto à esposa dele. Portanto “estar ligado” e “estar desligado” tem referencia a uma pessoa estar ou não desposada.
5.    É significante que o verbo que Paulo usa para “desligado” (lelusaivem de luo) ou “livre” não é uma palavra que ele usa para divórcio. A palavra de Paulo para divórcio é chorizo (versos 10, 11 e 15 e veja Mateus 19.6) e aphienai (versos 11, 12 e 13). De fato luo não é usado para divórcio em nenhum lugar do novo testamento.

Original: aqui
Autor: John Piper
Tradução livre: Ivan Carlos Parecy Junior 

20 junho 2012

Breve catecismo sobre o casamento


1. Quem instituiu o casamento?
O próprio Deus instituiu o casamento. De um homem, Deus faz homem e mulher, para no casamento os dois voltarem a ser um(a).
(a)Gênesis 2.21-24; Mateus 19.4-6, Efésios 5.31.
2. Com quem o cristão pode se casar?
Ao cristão é lícito se casar somente no Senhor(a). O cristão não deve se casar com incrédulos (b) ou com aqueles que se dizem cristãos e vivam uma vida ímpia (c). O cristão também não deve se casar com pessoas entre as quais existe grau de consanguinidade ou afinidade proibidos na Palavra de Deus (d).
(a) 1 Coríntios 7.39.
(b) 2 Coríntios 6.14; Malaquias 2.11-12; Neemias 13.23-29.
(c) 1 Coríntios 5.11.
(d) Levítico 18.1-18; 1 Coríntios 5.1; Marcos 6.18.
3. Pode o cristão se casar com mais de uma pessoa? A Bíblia permite a poligamia?
Não. Deus faz homem e mulher, para no casamento os dois voltarem a ser um(a). Cada mulher deve ter seu próprio marido e cada marido deve ter sua própria mulher (b).
(a) Gênesis 2.21-24; Mateus 19.4-6; Efésios 5.31.
(b) 1 Coríntios 7.2; 1 Timóteo 3.2; Tito 1.6.
4. A Bíblia permite casamento entre pessoas do mesmo sexo?
Não. No princípio Deus criou homem e mulher (a). Homossexualismo é abominação perante o Senhor (b).
(a) Gênesis 2.21-24; Mateus 19.4-6; Efésios 5.31.
(b) Levítico 18.22; Romanos 1.26-27; 1 Coríntios 6.9; Judas 7.
5. Todo cristão deve-se casar?
Não. Há alguns foi dado o dom de permanecerem solteiros (a), mas isso não é uma obrigação imposta sobre aquele que quiser ser presbítero (b).
(a) 1 Coríntios 7.7; Mateus 19.11-12.
(b) 1 Timóteo 3.2; Tito 1.6; 1 Timóteo 4.3.
6. Ao Cristão é lícito se divorciar?
Não. O que Deus ajuntou não o separe o homem (a), Deus abomina o divórcio (b) e o proíbe (c).
(a) Mateus 19.6; Marcos 10.9.
(b) Malaquias 2.16.
(c) Mateus 5.32; Mateus 19.9; Marcos 10.11-12; Lucas 16.18; 1 Coríntios 7.10-11.
7. Em nenhum caso ao cristão é permitido o divórcio?
O divórcio é permitido em caso de adultério (a), e caso o cônjuge descrente se aparte o cristão não é obrigado a forçar o descrente a manter um relacionamento (b).
(a) Mateus 19.9; Mateus 5.32;
(b) 1 Coríntios 7.15.
8. Ao cristão divorciado é permitido casar de novo?
Apenas a morte do cônjuge deixa livre o cristão para se casar novamente[1](a), ao divorciado só restam duas opções permanecer como está, ou voltar ao cônjuge inicial (b).
(a) Romanos 7.2-3; 1 Coríntios 7.39.
(b) 1 Coríntios 7.11.
9. Me casei novamente, e meu cônjuge ainda está vivo, devo voltar ao primeiro casamento?
Não, deve permanecer como está[2](a). Você deve se arrepender e pedir perdão pelo seu erro para voltar a comunhão normal da igreja (b).
(a) Deuteronômio 24.1-4.
(b) 2 Coríntios 2.5-11.
10. Qual obrigação da mulher em relação ao homem no casamento?
A mulher deve ser submissa ao marido (a), como a igreja é submissa a Cristo (b).
(a) Efésios 5.22-24; 1 Pedro 3.1; Colossenses 3.18.
(b) Efésios 5.24.
11. Qual obrigação do homem em relação à mulher no casamento?
O homem deve tratar a mulher como parte mais frágil (a), amá-la (b), assim como Cristo amou a igreja e deu Sua vida por ela (c).
(a) 1 Pedro 3.7.
(b) Efésios 5.25-28; Colossenses 3.19, Efésios 5.33.
(c) Efésios 5.25.
12. Qual é maravilhosa relação representada pelo casamento?
A maravilhosa relação entre Cristo e sua Igreja (a).
(a) Efésios 5.22-32.



[1]Aqui, minha posição diverge da maioria dos teólogos reformados, e até mesmo da confissão de Fé de westminter, esses creem que o cristão abandonado pelo descrente ou traído considera a outra parte como morta e pode-se casar novamente. Os textos que poderiam permitir essa interpretação são Mateus 19.9, Mateus 5.32 e 1 Coríntios 7.15, porém parece claro que Cristo considera essa clausula de exceção em relação ao divórcio e não ao novo casamento, e concluir esse tipo de coisa faria com que os ensinos de Paulo e Cristo fossem divergentes. Para uma defesa magistral da total proibição do novo casamento quando o cônjuge ainda esta vivo veja: <http://www.monergismo.com/textos/familia_casamento/divorcio_novo_casamento_piper.htm><http://www.monergismo.com/textos/familia_casamento/proib-recasamento_Miersma.pdf><http://www.monergismo.com/textos/familia_casamento/novo-casamento-mateus19_stewart.pdf><http://www.monergismo.com/textos/familia_casamento/desercao_stewart.pdf><http://www.monergismo.com/textos/familia_casamento/proibicao-divorcio_engelsma.pdf><http://www.monergismo.com/textos/familia_casamento/divorcio_sermao_monte_cheung.pdf>
[2]Não há um texto bíblico que lide claramente com essa questão, mas o contexto de Deuteronômio 24 é de uma situação onde estava ocorrendo o divórcio e nesse caso voltar ao primeiro cônjuge era considerado abominação. Possivelmente esse texto é o mais útil em orientar nesses casos.

15 junho 2012

Breve meditação para o dia dos namorados

“Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa porquanto do varão foi tomada” Gn 2.23
Apesar de não parecer tão romântica, essa foi a primeira declaração de uma homem para uma mulher. As palavras dessa declaração nos revelam uma verdade profunda, Eva foi formada à partir de Adão, ela é literalmente carne da carne dele. De um foram feitos dois para no casamento os dois voltarem a ser um, por isso “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une a sua mulher , tornando-se os dois uma só carne”(Gn 2.24). Eva foi feita especialmente para Adão, ela é única que o poderia completar, por isso só uma mulher pode completar  um homem.

Porém o que há de mais belo entre o relacionamento homem e mulher, não é o relacionamento em si, mas a realidade para qual ele aponta. Paulo fala o seguinte quando comenta sobre Gn 2.24 “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e a igreja”(Ef 5.32). O casamento aponta para a gloriosa união entre Cristo e sua Noiva a Igreja, e nisso está toda sua beleza.
Que Deus abençoe os solteiros, os que namoram, os noivos e os casados, para que vejamos a Glória de Deus no casamento. Amém. 


Autor: Ivan Junior

Salvação uma obra de Deus somente


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Epistemologia Cristã

Epistemologia é a área da filosofia relacionada ao conhecimento, basicamente ela tenta responder uma pergunta básica. Como sabemos o que sabemos? Ela deve ser o ponto de partida de qualquer sistema de pensamento, pois até eu responder “como” eu sei alguma coisa não faz sentido eu dizer “o que” eu sei.  Iremos discutir nesse texto as diferentes visões sobre epistemologia até perceber que somente a Bíblia responde de maneira coerente essa questão.

Empirismo
De acordo com o empirismo todo o conhecimento vem dos sentidos. A ciência se baseia no empirismo, e o “sucesso” dela é usado como prova da veracidade do empirismo.
Com base no empirismo nunca podemos chegar a uma conclusão universal, eu não posso dizer que todos os corvos são pretos porque eu observei cem corvos e os cem eram pretos, numa observação posterior eu posso observar um corvo albino, além disso, eu não posso observar todos os corvos que existiram e os que ainda irão existir. Com isso entendemos porque as teorias científicas estão sempre mudando, uma observação pode mudar toda a conclusão anterior. Portanto a ciência nunca chega a verdade sobre nada, porque a verdade não pode ser mutável, o que é verdade hoje deve ser obviamente verdade amanhã. Parafraseando Clark[1], “não podemos aceitar uma visão pragmatista da verdade, que o que é verdade hoje pode ser falso amanhã. Se a verdade muda então o pragmatismo será falso amanhã, se alguma vez foi verdade”
Outro problema com o empirismo é que os sentidos podem nos enganar.
O empirismo também não pode explicar como aprendemos a linguagem, por exemplo, com diz Vincent Cheung[2]
“Quando diz respeito a aquisição de linguagem, que realmente se inclui na categoria mais ampla de aquisição de conhecimento, é impossível a pessoa aprender o significado de uma palavra pela sensação. Um pai pode tentar ensinar ao filho o que a palavra “carro” significa apontando para o carro. Antes de tudo sobre a base do empirismo, a criança não pode nem mesmo ver ou conhecer o pai, o carro e o ato de apontar, mas ignoremos isso por ora. A criança ainda deve fazer uma inferência a partir do ato de apontar do pai. Se o pai tenta ensinar o filho o significado da palavra “carro” apontando para o carro, então para a criança a palavra “carro” pode significar o ato de apontar, o dedo usado para apontar, a cor do carro, qualquer parte do carro, o carro juntamente com a rua e a paisagem de fundo, qualquer objeto maior, o significado de “ali” ou “deixa para lá”, e um número infinito de outros significados possíveis. O Ponto é que o ato de apontar para um carro não produz a inferência necessária de que “carro” signifique o que queremos dizer pela palavra. Se alguém tenta sobrepujar o problema apontando para muitos carros, então o significado da palavra na melhor das hipóteses, se tornar um “transporte” que pode ser um elefante ou um camelo em algumas partes do mundo. Mas até mesmo o conceito de transporte não é uma inferência necessária do ato de apontar para muitos carros.”
A palavra carro ainda apresenta menos dificuldades que outras como fé, Deus, justificação, espaço, tempo, verdade. Como alguém pode aprender essas palavras com base nos sentidos, alguém pode ver, ouvir, tocar ou cheirar essas coisas?
O empiristas também defendem que o homem nasce com uma mente branca, sem conhecimento nenhum, mas como diz Clark[3]
“Uma mente branca é uma impossibilidade. Uma consciência consciente de nada é uma contradição de termos”
Além disso as sensações de uma pessoa, não são nada além do que as sensações de uma pessoa, outras pessoas não podem experimentar as nossas sensações, com base nelas não posso estar certo de que há um mundo externo ou se eu sou apenas enganado como no filme Matrix. Deve-se acrescentar ainda que muitos animais tem sensações ainda mais aguçadas, como saber se não são as sensações deles que estão corretas.  Como posso ter a categoria de correto com base na sensação, ou de verdade? Ninguém pode dizer com base no empirismo o que deve ser feito, leis morais não podem derivar das sensações.
E além de tudo o empirismo descansa em uma contradição, segundo o empirismo todo conhecimento vem dos sentidos, mas não é possível pelos sentidos ter conhecimento que “todo conhecimento vem dos sentidos”.
Racionalismo
Uma outra teoria de epistemologia é o racionalismo, que afirma que a razão do homem é fonte primária ou única da verdade. Segundo Schaeffer[4] a definição de racionalismo é que “O homem começa absoluta e totalmente de si mesmo, coleciona informação a respeito dos particulares e formula os universais”. Os racionalistas nunca chegam a um consenso de qual o ponto de partida do seu pensamento. O homem não é onisciente, ele não pode conhecer todas as coisas e portanto com base em sua própria razão ele também não pode afirmar nenhum conceito universal.  O homem também é falho em seu raciocínio, como cristão não devemos esquecer que a queda também afetou a mente do homem.
A Visão Bíblica
Mateus 16.15-17   Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.  Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus
1 Coríntios 2.9-10   mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus.
Esse texto de 1 Coríntios, ao contrário do que muitos pensam não fala sobre o céu, olhe o contexto e veja que ele fala sobre a sabedoria de Deus. Os sentidos não podem nos revelar a verdade “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram” nem tampouco podemos chega-la por nosso própria razão “nem jamais penetrou em coração humano”, mas apenas Deus pode nos revelar a verdade.
Deus é onisciente, só Ele conhece e controla todas as coisas, só baseado na sua palavra podemos extrair conceitos universais. Só na Sua Palavra podemos descobrir a verdade. Ninguém pode afirmar nenhum conceito universal aparte da palavra.
Precisamos partir de um ponto em nosso pensamento, esse ponto é a Bíblia, a revelação de Deus, a única base para a verdade. Alguns podem argumentar como nós sabemos que ela é verdadeira, mas se provarmos o nosso ponto de partida logo ele já não é o nosso ponto de partida. E se aceitarmos que outros documentos comprovem a veracidade da bíblia, logo estamos considerando esses documentos como superiores a própria bíblia, e esses serão então nosso ponto de partida e se prosseguirmos assim seguiremos infinitamente. A Bíblia é o nosso ponto de partida, essa não é uma escolha arbitrária, pois ela não apenas explica como temos conhecimento, mas também sobre a realidade (metafísica) sobre ética e as demais áreas de importância em nossa visão do mundo, a apenas ela explica essas coisas de maneira racional e clara e todos os outros sistemas de pensamento falham nessas áreas.

Autor: Ivan Junior

[1] NASH, Ronald H. O Argumento a partir da Verdade de Gordon Clark. Disponível em < http://www.monergismo.com/textos/filosofia/argumento-verdade-clark_nash.pdf >
[2] CHEUNG, Vincent. Questões Últimas. p. 38-39. Disponível em
[3] ROBBINS, John W. Uma introdução a Gordon Clark. p. 7. Disponível em
[4] SHAEFFER, Francis. A Ciência moderna nos primórdios. P. 3. Disponível em <http://www.monergismo.com/textos/apologetica/schaeffer_ciencia_moderna.pdf>